O estudo “Caracterização das Unidades de AVC em Portugal 2021” foi elaborado por um grupo de trabalho multidisciplinar nomeado pela Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC).
Os coordenadores da edição, Dr. Miguel Rodrigues e Dr. José Mário Roriz, recordam que “o aparecimento das UAVC e a implementação da VVAVC tiveram um papel determinante na diminuição da mortalidade por AVC na última década e na melhoria dos cuidados no AVC agudo em Portugal”. No entanto, alertam os especialistas em Neurologia, “o funcionamento da VVAVC e a estrutura e organização das UAVC é díspar a nível nacional”, isto é, os vários hospitais adotam modelos de funcionamento e recursos humanos variados. Adicionalmente, as UAVC “nunca foram formalmente reconhecidas nem integradas numa rede nacional”, colocando limitações à sua organização e funcionamento.
Este trabalho nasceu da necessidade de “identificar, no nosso País, as estruturas existentes para tratamento agudo e subagudo do AVC, bem como caracterizá-las num formato mais sistemático, detalhado e objetivo”, centrado nos critérios estabelecidos pela European Stroke Organisation (ESO), construindo tabelas de classificação fáceis de interpretar objetivamente.
Outro objetivo deste estudo, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação, passou por “descrever as estruturas disponíveis para a reabilitação pós-AVC”, referem os médicos.
Esta análise abrangente permitiu ao grupo de trabalho elencar dificuldades e necessidades dos vários centros e traduzi-las em recomendações comuns. “Estas recomendações finais estão em linha com os objetivos do Action Plan for Stroke”, um plano internacional para combater o AVC na Europa, que desafia os países signatários (incluindo Portugal) a alcançar metas estratégicas e faseadas até 2030.
Em traços gerais, o estudo demonstrou que as redes de referenciação existentes para terapêutica aguda de revascularização não seguem um plano nacional concertado e devidamente organizado, “para a criação de uma rede geograficamente equitativa”. Da mesma forma, “há uma distribuição claramente desigual das UAVC pelo território português”.
“Os dados continuam a revelar que a maioria das UAVC apresenta constrangimentos importantes na infraestrutura e capital humano – algumas em consequência de reestruturações decorrentes da pandemia COVID-19”, pode ler-se nas conclusões do documento. Concretizando, é referido que “3 em 35 UAVC reconhece não ter equipa própria de enfermeiros, 5 em 35 admite não ter fisioterapeutas dedicados e 3 em 35 refere não ter terapeutas da fala na equipa da UAVC – sendo que 1 em 35 UAVC não realiza ainda pesquisas protocoladas sistemáticas de disfagia”. O reforço de médicos, enfermeiros, terapeutas e assistentes operacionais foi uma das principais e mais preocupantes necessidades listadas como comuns às diferentes UAVC analisadas.
Outras conclusões e recomendações podem ser lidas no documento de consulta livre disponível em: https://bit.ly/3wRjopk
SPAVC/HN
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