A obstetra, que cumpria uma prestação de serviços na urgência do hospital, foi agredida por duas pessoas na tarde de segunda-feira e ontem “não estava em condições de ir trabalhar”, adiantou o sindicato, que se solidarizou com a médica, a quem disponibilizou apoio jurídico.
Em declarações à Lusa, a dirigente do SIM, Maria João Tiago, lamentou que o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, apresentado em janeiro deste ano, na prática “continue na gaveta, porque não há instruções e nunca foi divulgado”.
“É lamentável que quem nos tutela não nos proteja, quer de agressões físicas, quer de agressões verbais, e que, ao fim deste tempo todo, o plano da violência sobre os profissionais de saúde não esteja bem instituído”, adiantou a médica.
A sensação de impunidade é “muito grande”, alertou ainda Maria João Tiago, ao exemplificar a situação em que um agressor “continua na lista do médico de família” agredido, ao mesmo tempo que “diretores de serviço desvalorizam a situação e fingem que nem existiu”.
“Nada acontece e é uma grande dificuldade, muitas vezes as autoridades de saúde quase que nos desmotivam a apresentar queixa do sucedido”, afirmou a dirigente Secretariado Regional de Lisboa e Vale do Tejo do SIM.
Em março, a PSP anunciou que registou 961 situações de violência em hospitais e centros de saúde em 2021, mais 16% do que em 2020.
A PSP indicou também que cerca de 65% da violência registada é praticada por utentes, 21% pelos familiares ou acompanhantes dos doentes, 13% por profissionais de saúde e 1% por visitantes ou outras pessoas.
A comarca de Lisboa registou 23 inquéritos crimes contra profissionais de saúde em 2021, um crime que o Mistério Público (MP) tinha alertado em 2020 para a tendência acentuada de aumento.
Os profissionais da saúde que notificam mais casos de violência são os enfermeiros e os médicos e a maioria das situações são de violência verbal e física.
LUSA/HN
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