Transversal, atual e emergente: o panorama da Medicina Paliativa

5 de Outubro 2022

Especial 28° Congresso Nacional de Medicina Interna

“A emergência da Medicina Paliativa” foi o tema de uma das mesas redondas do segundo dia do 28.º Congresso Nacional de Medicina Interna da SPMI.

Hugo Jorge Casimiro iniciou a sua intervenção a assinalar a transversalidade da Medicina Paliativa. “A Medicina Paliativa possui uma enorme transversalidade a nível de todos os cuidados de saúde, inclusivamente nas valências dedicadas ao doente emergente. Desta forma, e pese embora os Serviços de Urgência, as Unidades de Cuidados Intensivos e a Emergência Pré-Hospitalar estarem maioritariamente vocacionados para a resolução de situações agudas, também nestes contextos existem numerosos doentes com patologias crónicas incuráveis e necessidades paliativas”.

Bernardo Pereira reforça esta realidade, mas alerta para o desconhecimento acerca da abrangência e da importância dos Cuidados Paliativos. “Não é um tema a que seja dado muito protagonismo ao longo da nossa formação geral e especifica, contudo, é algo com que todos nós lidamos frequentemente”.

A vocação (e a falta dela) é uma questão mencionada por ambos os oradores. Hugo Jorge Casimiro destaca que os Serviços de Urgência não estão preparados para a prestação de serviços a doentes de necessidades paliativas e que é necessária uma instrução atenta às competências específicas que o acompanhamento deste tipo de quadros clínicos requer. Bernardo Pereira completa a ideia, alegando que “a tão aclamada visão holística do doente pressupõe o desenvolvimento de competências técnicas abrangentes. As capacidades curativas são amplamente estudadas, treinadas, mas as competências paliativas não. Estas últimas são frequentemente deixadas para segundo plano”.

Por sua vez, Tayra Velasco Sanz apresenta a perspetiva da Medicina Intensiva, focando-se em como prestar um serviço de assistência ao paciente em final de vida mais humanizado e de qualidade. Para tal, diz ser essencial olhar para o processo de morrer de um ponto de vista natural, moderno e inerente à vida e não apenas como falha técnica. “Essa visão, derivada especialmente das grandes mudanças produzidas no campo da Medicina e da tecnologia, e a resolução de doenças que até então causavam a morte de pacientes, levou ao chamado imperativo tecnológico, onde se produzem novos cenários que prolongam a vida, mas onde se dão situações de maior agonia, o que significa a violação do processo de morrer (obstinação terapêutica) e, em última instância, mala praxis”.

Nestas situações, a oradora destaca várias estratégias a adotar, como é o caso da utilização da comunicação cuidadosa com o paciente e família, estabelecendo em simultâneo uma relação deliberativa. É necessário ter em mente os limites da tecnologia e da protocolização em todas as unidades do processo de Limitação de Tratamentos de Suporte de Vida (LSTV). O planeamento de cuidados compartilhados deve ser incluído.

28º CNMI/HN

 

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