ONU alerta para disseminação de cólera no Haiti

7 de Outubro 2022

As Nações Unidas advertiram na quinta-feira para uma possível “explosão” de casos de cólera no Haiti, pedindo a criação de um "corredor humanitário" para assegurar a entrega de água potável à população.

O país anunciou no domingo os primeiros casos de cólera em três anos, já com pelo menos sete mortes provocadas pela doença.

Onze casos estão confirmados e 111 são suspeitos, mas “os números podem ser muito mais elevados”, avisou a coordenadora humanitária da ONU no Haiti, Ulrika Richardson, numa conferência de imprensa por vídeo, observando que os casos parecem, por enquanto, estar confinados à capital, Port-au-Prince.

“Com a situação atual no país, se não estiverem reunidas todas as condições adequadas, poderemos enfrentar um aumento exponencial, mesmo explosivo, dos casos de cólera. Infelizmente, podíamos até falar de uma combinação perfeita para um desastre”, acrescentou a representante das Nações Unidas.

Mais de dez mil pessoas morreram no Haiti entre 2010 e 2019 devido a uma epidemia de cólera.

Desde o anúncio pelo primeiro-ministro, Ariel Henry, em 11 de setembro, de um aumento do preço dos combustíveis, o país, já em crise, tem sido palco de mais violência, pilhagens e manifestações.

Desde meados de setembro, o terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do país, está bloqueado por bandos armados.

“Isto significa que todo o país está a ficar sem combustível”, obrigando alguns serviços de saúde a encerrar e impedindo a recolha de lixo, sublinhou a responsável da ONU.

Ulrika Richardson acrescentou que “o abastecimento de água está a ser interrompido”, lembrou que a água potável é uma das principais condições para conter uma epidemia provocada por uma bactéria que se transmite através da água e a sua distribuição em condições adequadas pode “salvar vidas”.

A ONU e outras organizações humanitárias presentes no terreno apelaram na quinta-feira para a “criação imediata de um corredor humanitário que permita o abastecimento de combustível e satisfaça as necessidades urgentes da população”.

Este é um apelo ao Governo, que “deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para desbloquear o terminal”, mas também “um apelo para dizer àqueles que o estão a bloquear que estão literalmente a matar pessoas” e à comunidade internacional, que “deve apoiar o Haiti no reforço das suas forças de segurança”, vincou Ulrika Richardson.

LUSA/HN

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