A política ‘zero casos’ de covid-19 é “sustentável” e “fundamental” para estabilizar a economia e proteger vidas, escreveu o Diário do Povo, num comentário.
“A economia só pode estabilizar, a vida das pessoas ser pacífica e o desenvolvimento económico e social ser saudável quando a epidemia for travada”, observou o órgão oficial.
“Devemos estar sobriamente conscientes que a China é um país grande, com mais de 1,4 mil milhões de pessoas, disparidades regionais no nível de desenvolvimento e recursos médicos insuficientes”, apontou.
O Diário do Povo considerou que o custo de coexistir com a doença seria superior ao de manter a estratégia atual.
Também na segunda-feira, o jornal declarou a política como “científica e eficaz”. A agência noticiosa oficial Xinhua advertiu que a China não pode ser complacente.
Os comentários sinalizam que Pequim vai manter a estratégia atual mesmo depois do 20.º Congresso do PCC, que arranca no dia 16 e deve servir para reforçar o estatuto do atual secretário-geral da organização, Xi Jinping.
A estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 é assumida como um triunfo político por Xi. O país, onde o novo coronavírus foi detetado pela primeira vez, no final de 2019, registou cerca de 5.000 mortos pela doença, em comparação com mais de três milhões de óbitos na Europa e Estados Unidos.
A abordagem chinesa inclui o isolamento de todos os casos positivos e contactos diretos em instalações designadas, o bloqueio de distritos e cidades inteiras e a realização de testes em massa.
Nas principais cidades do país é obrigatório realizar um teste PCR para deteção do novo coronavírus, a cada 48 horas, para aceder a espaços públicos.
Os constantes bloqueios e isolamento de cidades inteiras têm um forte impacto nos setores serviços, manufatureiro e logístico. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de “entre 4% e 5%” para 2,8%, este ano.
A tolerância zero à covid-19 implica também o encerramento praticamente total das fronteiras da China. O país reduziu o número de ligações aéreas internacionais em 98%, face ao período pré-pandemia. Quem chega à China oriundo do exterior tem que cumprir dez dias de quarentena num hotel designado pelo governo.
Apesar destes esforços, a China continua a registar surtos. Na segunda-feira, foram detetados 1.989 casos, o maior número desde 19 de agosto.
O grupo japonês de serviços financeiros Nomura estima que cerca de 197 milhões de pessoas, em 36 cidades da China, que representam cerca de 20% PIB do país, estão sob medidas de confinamento.
LUSA/HN
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