Vichy junta especialistas que abordam a menopausa sem tabus

21 de Outubro 2022

A Vichy juntou especialistas num debate sobre o papel do farmacêutico na abordagem da menopausa que, esta semana, em Lisboa, alertou a audiência para a importância de quebrar os tabus que continuam a silenciar muitas mulheres em Portugal.

A dermatologista Leonor Girão alertou que a menopausa “é um assunto de tal maneira tabu, inclusive para a classe médica, que é um não assunto”. “As próprias doentes raramente se queixam”, portanto, “não procuram ajuda”; mas, “quando procuram ajuda, muitos dos colegas não estão sensibilizados para isso e também não oferecem respostas”, continuou a médica, presente no painel de oradores da mais recente sessão das MenoCoach Talks, no Dia Mundial da Menopausa (18 de outubro), juntamente com o endocrinologista Carlos Bello e as farmacêuticas de farmácia comunitária Eunice Reis Barata e Marta Silveira.

Porque os sintomas “podem ser brutais” e “há soluções”, a médica criticou abertamente a forma como Portugal encara esta fase da vida da mulher, com estas palavras: “É indescritível que não falemos mais disso e que os médicos não apresentem mais soluções e mais respostas para passarmos este período que pode ser mais complexo”.

Para Leonor Girão, “infelizmente só tratamos na doença, e só tratamos na última instância”. Na questão vaginal, por exemplo, a dermatologista lamenta que “algumas respostas muito boas não sejam mais generalizadas e mais reconhecidas”. Contudo, no seguimento de uma pergunta da audiência sobre a comparticipação dos tratamentos, a médica disse que sabe que o sistema nacional de saúde “não é infinito”, nem pode pagar tudo.

As mulheres que partilharam a sua experiência no debate, em vídeo ou in loco, obtiveram respostas dos oradores, que apresentaram soluções para diferentes sintomas da menopausa, como a gordura visceral, os afrontamentos, as mudanças na pele e a secura vaginal, e o endocrinologista abordou ainda as consequências tardias da menopausa – osteoporose e risco cardiovascular, por exemplo. São situações com “imensas soluções, todas elas com elevada eficácia”, de acordo com o especialista.

O médico quis ainda salientar a necessidade de haver uma abordagem pluridisciplinar e o facto de as mulheres terem sintomas diferentes, com intensidades diferentes. E por outro lado, “importa também ter uma avaliação completa de base, integração de todos os dados clínicos, todos os dados farmacológicos, todos os dados familiares e todos os dados pessoais, para que, não deixando de tratar a menopausa, também não deixemos de tratar o resto”. “Daí a necessidade de olharmos com muita atenção e nunca desvalorizar estes sintomas”, sendo que não é raro outros problemas serem descobertos.

Questionado pela moderadora, a apresentadora Liliana Campos, sobre hábitos de vida, Carlos Bello disse que a menopausa é uma boa oportunidade para rever estilos de vida saudáveis, mas que não é apenas na menopausa que isso deve preocupar as mulheres. Durante o período em análise, recomenda-se a prática de atividade física – que tem de ser adaptada à saúde e ao contexto económico e social dos indivíduos –, alimentação equilibrada, reforço do aporte de cálcio, boa exposição solar (para níveis adequados de vitamina D) e seguimento médico regular. E a colega de dermatologia acrescentou que é preciso cuidar também da saúde mental.

As farmacêuticas concordaram que a farmácia também tem um papel fundamental. Marta Silveira contou que as mulheres que atende, muitas vezes, desconhecem as soluções à sua disposição e falou no dever de o seu grupo profissional, na menopausa, identificar e referenciar.

Eunice Reis Barata frisou que “há um longo caminho que a mulher tem de percorrer no seu envelhecimento e um longo caminho que temos todos que fazer para desmistificar, para normalizar, porque se há coisa que é certa, que é bom sinal, é que todos vamos lá chegar”. “Não é fácil como mulher saber aceitar o envelhecimento” – continuou –, mas “é o início de uma nova etapa que também tem coisas positivas”, como, por exemplo, o maior autoconhecimento.

Neste caminho, o aconselhamento farmacêutico, a proximidade com o utente nas farmácias, a comunicação entre os farmacêuticos e outros profissionais, como os médicos, psicólogos, nutricionistas ou profissionais do desporto, e a partilha de informação relevante e fontes credíveis podem fazer a diferença, referiu Eunice Reis Barata.

HN/Rita Antunes

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