Segundo dia de greve dos farmacêuticos do SNS com adesão superior a 90%

27 de Outubro 2022

O segundo dia de greve dos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou esta quarta-feira uma “forte adesão” acima dos 90%, principalmente nos grandes centros hospitalares do país, anunciou o presidente do sindicato do setor.

“Tivemos (na terça-feira, primeiro dia da paralisação) uma adesão de cerca de 92% e hoje estamos com 93%. Mantém-se a forte adesão à greve”, disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), Henrique Reguengo.

A greve registou uma “forte adesão” nos centros hospitalares, adiantou Henrique Reguengo, que admitiu que possa também ter afetado a vacinação nos cuidados primários.

“Não me admira que tenha havido atrasos, mas provavelmente terá sido impossível fazer a vacinação” em alguns locais, disse o dirigente sindical, referindo que a greve não está sujeita a serviços mínimos e tendo em conta a adesão registada.

Os farmacêuticos dos serviços públicos de saúde iniciaram na terça-feira uma greve de dois dias, a primeira de sempre, que se repetirá em novembro, pela revisão das grelhas salariais que datam de 1999 e pela contagem integral do tempo de serviço para progressão na carreira.

Além deste primeiro período, a greve inclui dois dias em novembro (15 e 16) e abrange todos os serviços de saúde dependentes dos ministérios da Saúde, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Defesa Nacional, assim como nos Açores e na Madeira.

O sindicato, além da valorização profissional e da contagem integral do tempo de serviço no SNS para efeitos de promoção e progressão na careira, exige também a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no serviço público com contratos precários e a adequação do número de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades desenvolvidas.

Para o segundo período, Henrique Reguengo espera que a “greve seja de 100%”, tendo em conta a “revolta” que as declarações do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, geraram nos farmacêuticos que trabalham no SNS.

“Estou a receber a indignação dos colegas e muito provavelmente, se tivermos de fazer a segunda fase da greve, a adesão ainda será maior”, afirmou o presidente do SNF.

Em declarações à Lusa, o ministro da Saúde acusou ontem os farmacêuticos de, com esta greve, terem provocado o adiamento do arranque de tratamentos oncológicos, uma situação que o sindicato rejeitou, garantindo que todos os pedidos nas farmácias hospitalares foram respondidos.

Manuel Pizarro apelou para o “compromisso ético dos farmacêuticos” do SNS, considerando que “os doentes oncológicos não podem ser usados num processo de luta laboral, seja qual for esse processo e a sua legitimidade”.

Após as declarações do ministro, o SNF salientou, em comunicado, que a “luta que os farmacêuticos do SNS estão a travar já se arrasta há muitos anos e durante todo este tempo nunca deixaram de colocar os doentes em primeiro lugar, mesmo com limitações e dificuldades no seu local de trabalho e com sacrifícios pessoais, cumprindo sempre escrupulosamente os mais altos princípios éticos e deontológicos”.

“Não deixámos nenhum doente para trás porque os serviços mínimos definidos pela lei estão e estiveram ontem e sempre assegurados e estão cumpridos”, assegurou o sindicato.

LUSA/HN

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