Infertilidade atinge cerca de 300 mil casais em Portugal

3 de Novembro 2022

Em Portugal, há cerca de 300 mil casais inférteis, além de uma tendência de crescimento destes números que o stress, o sedentarismo e a idade podem ajudar a explicar.

De acordo com o Dr. Sérgio Soares, especialista em Medicina da Reprodução, cerca de 300 mil casais em Portugal são inférteis e há uma tendência de crescimento destes números, que atingem mulheres e homens em percentagens muito semelhantes. Em vésperas de mais de uma Semana Europeia da Fertilidade, que se assinala entre os dias 7 e 13 de novembro, o médico alerta que o stress, o sedentarismo e a procura de uma gravidez numa idade mais avançada da mulher são alguns dos fatores que podem ajudar a explicar esta tendência.

“Nem sempre a Medicina encontra uma explicação para a infertilidade. O que sabemos, pela investigação feita nesta área, é que há fatores que prejudicam a fertilidade em ambos os sexos, como o consumo de álcool e tabaco, o excesso de peso e obesidade, a ausência de atividade física, a alimentação pouco variada e equilibrada, muito ancorada no fast-food, por exemplo”, salienta Sérgio Soares. O especialista e diretor do IVI Lisboa acrescenta outro fator fundamental: a idade da mulher. “Por razões económicas ou profissionais, as mulheres tentam ser mães cada vez mais tarde, o que traz consequências para quem anseia por uma gravidez. A quantidade e a qualidade dos ovócitos diminuem muito a partir dos 35 anos”, explica.

Segundo o médico, a infertilidade estará relacionada com causas femininas em 30% dos casos, outros 30% com causas masculinas, 20% com causas mistas e outros 20% inexplicados. “Alguns conselhos de alteração de estilos em vida, associados à ciência – que tem permitido intervir com sucesso mesmo nos casos em que há patologia – têm ajudado muitos casais a ultrapassar problemas de infertilidade, mas convém sublinhar que o casal tem aqui um papel importante na gestão da saúde reprodutiva”, afirma.

O médico salienta ainda que a infertilidade masculina já representa metade dos casos atendidos atualmente nas clínicas de procriação medicamente assistida. “Alguns estudos mostram-nos, por exemplo, que há uma relação entre as substâncias químicas presentes em pesticidas, os solventes e recipientes de plástico que utilizamos diariamente e a redução da qualidade do sémen”.

Quando procurar ajuda médica 

Sérgio Soares explica que a infertilidade pode ser definida como a incapacidade de os casais engravidarem após 12 meses de tentativas de conceção sem recurso a qualquer meio anticoncecional. Assim, uma consulta de fertilidade pode ser recomendada após um ano de tentativas para conceber no caso das mulheres com menos de 35 anos. Mas, como a fertilidade no sexo feminino baixa com a idade, este período passa para os seis meses no caso das mulheres com idade superior a 35 anos.

Limite de idade da mulher para aceder a tratamentos 

Em Portugal, as mulheres podem aceder aos tratamentos de procriação medicamente assistida (PMA) até aos 50 anos. Não é permitido fazê-lo após os 49 anos e 365 dias (366 dias, no caso dos anos bissextos), seja no SNS ou em clínicas privadas. O limite fixado teve em conta o facto de, a partir dos 35 anos, a probabilidade de se engravidar de forma natural diminuir, caindo a pique a partir dos 40 anos, passando para 1% ou menos quando a mulher atinge os 48 anos.

PR/HN/RA

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