Associação Portuguesa de Medicina Farmacêutica debate a saúde “Connecting the Dots”

11 de Novembro 2022

A Associação Portuguesa de Medicina Farmacêutica (AMPIF) quis ligar quatro elementos-chave da saúde: as pessoas, os dados, a ciência e sociedade. O plano concretizou-se em debates, na sua Conferência Anual, no Lagoas Park (Porto Salvo).

Depois da sessão de abertura do evento “Connecting the Dots in Health: People, Data, Science & Society”, que juntou no auditório da Pfizer o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, o Country Manager na Pfizer, Paulo Teixeira, e a Presidente dos Órgãos Sociais da AMPIF e Diretora Médica da MSD, Paula Martins de Jesus, a audiência dividiu-se em três salas, para três debates diferentes: na mesa 1, “Registos e RWE”, com Ana Rodrigues e Cristina Jorge como keynote speakers, Luís Pedro Silva como moderador e os oradores Jorge Félix, João Massano e Cláudia Furtado; na mesa 2, “Academia & Carreiras”, com Nuno Sousa como keynote speaker, moderação de Jorge Correia e os oradores Davide Carvalho, Armando Alcobia, Ana Abecassis e André Albergaria; na mesa 3, “Colaboração estratégica dos cuidados de saúde”, com o keynote speaker Joaquim Cunha, a moderadora Patrícia Adegas e os oradores Ana Maria, Marcos Pantarotto, Paulo Nicola e Catarina Resende de Oliveira.

No final, uma reunião conjunta permitiu debater questões desenvolvidas durante os debates anteriores, coletadas pelos redatores das três mesas.

“Esta conferência aborda um tema que é de facto crítico: a investigação. E talvez por isso, como vamos abordar a investigação desde fases mais básicas, a investigação básica, passando pela investigação clínica, até à evidência de vida real, seja possível conjugar uma série de esforços, de conhecimentos, de experiências e, por isso, atrair um grupo alargado de pessoas com interesses nesta área. A investigação é crítica para o país, e nós ouvimos o senhor ministro afirmar isso. É crítica do ponto de vista da sociedade, do ponto de vista, obviamente, da ciência, mas, também, do ponto de vista económico é crítico para o país atrair e desenvolver mais ciência em Portugal”, explicou ao HealthNews Paula Martins de Jesus.

Antes da discussão, Cláudia Furtado, da mesa 1, adiantou ao HealthNews que o seu debate “é sobre a utilização dos dados de vida real na tomada de decisão, em alguns casos na área da avaliação de tecnologias de saúde, mas também nos ensaios clínicos, no apoio à prescrição”. “No fundo, são dados que vêm complementar os dados dos ensaios clínicos e que podem permitir melhorar a tomada de decisão a diferentes níveis do sistema de saúde.”

Esta discussão “é relevante em Portugal e também está a ser feita ao nível europeu”. “Existem vários desenvolvimentos ao nível europeu na área da geração de dados, quer ao nível do European Health Data Space, quer ao nível, por exemplo, da Agência Europeia do Medicamento”, explicou Cláudia Furtado. “Em Portugal”, continuou, “também [é relevante] porque estamos numa época em que há um investimento do próprio PRR na transição digital e, com isso, poderemos eventualmente ter ainda mais dados do que aqueles que já temos e que já são bastante úteis”.

“Portanto, obviamente que esta discussão e as sinergias que possam ocorrer em melhoria da qualidade dos dados vão ajudar a potenciar a utilização dos dados no sistema de saúde”, concluiu a representante do Infarmed.

André Albergaria, da mesa 2, explicou: “A relevância de eventos como este é enorme porque vem em linha com um paradigma que nós queremos mudar e que já vem sendo mudado em muitos países do norte da Europa no que se refere à aproximação efetiva e funcional de todos os stakeholders que fazem parte do ecossistema de inovação em saúde, nomeadamente a clínica, a academia, a indústria, sem nunca esquecer os investidores que operam nas áreas das ciências da saúde e da inovação”.

“A mesa de carreiras vai abordar algumas limitações e algumas potencialidades que o nosso país tem, essencialmente ao nível organizativo. Temos clínicos de alta qualidade, cientistas de alta qualidade, institutos de muito boa qualidade. Falta-nos um pouco este paradigma organizativo e estratégico nas instituições e no país”, disse-nos André Albergaria, do i3S.

E prosseguiu: “Temos, de certa forma, dificuldade de implementação e alguma resistência, também, em mudarmos o nosso foco para estratégias alternativas e mais eficazes, para a criação de uma cadeia de valor de inovação em saúde que não dependa tanto de financiamento público, cíclico e volátil e apostarmos na criação de ativos e parcerias a longo prazo junto com o setor privado”.

Em representação da mesa 3, Paulo Nicola, da APMGF, destacou o momento e a forma do evento, explicando que estamos numa altura em que precisamos de “perceber como é que vai ser esta década, que começou de forma turbulenta, mas a demonstrar muito a necessidade desta conjugação entre cuidados de saúde, organização de cuidados de saúde e investigação e como todos precisam uns dos outros para responder a necessidades das pessoas ou de quem presta os cuidados”. Por outro lado, “a forma de juntar entidades tão diferentes e agendas tão diferentes cria oportunidade para haver esta discussão, esta reflexão e este trabalho conjunto”.

“A capacidade que temos de perceber como podemos melhorar e trazer inovação ao cuidado das pessoas precisa que haja esta integração conjunta de cuidados de saúde primários, cuidados especializados hospitalares, de áreas muito especializadas a nível das intervenções que se fazem. Portanto, é com estes vários planos que conseguimos perceber a realidade e o impacto da inovação”, explicou Paulo Nicola.

A sessão conjunta contou com a participação de Susana Castro Marques, a moderadora, e Tamara Milagre, Ricardo Baptista Leite, Miguel Guimarães e Hélder Mota Filipe.

HN/Rita Antunes

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