Todos os anos 3 mil portugueses sofrem alterações profundas da visão devido à retinopatia diabética

14 de Novembro 2022

Anualmente, estima-se que 3.000 diabéticos sofrem perdas graves da visão, atingindo a definição cegueira, um número que poderia ser evitado se os doentes fossem devidamente rastreados e tratados, alerta a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

A retinopatia diabética é a causa mais frequente de perda visual irreversível na população adulta entre os 20-74 anos de idade nos países industrializados.

A doença manifesta-se por lesão progressiva dos vasos sanguíneos e da estrutura da retina, com alterações típicas e gravidade progressiva, quando não controlada atempadamente.

Cerca de 93 milhões de pessoas no mundo sofrem de retinopatia diabética, e uma em cada três pessoas com diabetes vão desenvolver retinopatia diabética ao longo da vida. O aumento do número de pessoas com diabetes e em idades cada vez mais precoces leva a um risco acrescido das complicações da doença.

Em Portugal, existem cerca de 250 mil diabéticos com retinopatia, dos quais 25 mil apresentam alterações da acuidade visual.

O primeiro passo na prevenção da retinopatia diabética passa pelo diagnóstico precoce da diabetes por um médico oftalmologista, início do tratamento adequado com bom controlo metabólico, bom cumprimento por parte do doente e adoção de hábitos de vida adequados.

“Um controlo glicémico intensivo pela dieta e medicação pode prevenir o aparecimento da retinopatia diabética em 76% dos casos e diminuir o risco de progressão em 54% dos casos nos doentes tratados com insulina. A nível ocular, como a retinopatia diabética é, na maioria das vezes, assintomática em estadios iniciais, é essencial que se faça uma vigilância oftalmológica regular para uma deteção precoce da doença de forma a se poder evitar a evolução para estadios graves”, refere Rufino Silva, médico oftalmologista e presidente da SPO. Neste sentido, “os programas de rastreio da retinopatia diabética são fundamentais para a sua deteção precoce”, acrescenta ainda o especialista.

Manuel Falcão, médico oftalmologista e tesoureiro da SPO, esclarece que “estão disponíveis várias opções de tratamento diferentes com indicação e aplicações diferentes para a retinopatia diabética, muitas vezes complementares entre si, como a fotocoagulação com laser ou as injecções intra-oculares de medicamentos anti-angiogénicos ou de corticosteroides”.

Manuel Falcão acrescenta ainda que, “quando realizados de forma precoce, os tratamentos são eficazes, permitindo preservar o olho e a visão dos doentes diabéticos”.

“A diabetes ocular pode ter um impacto muito importante do ponto de vista sócio-económico. Sendo a principal causa de perda visual em idades adultas ativas ou produtivas, afeta a qualidade de vida dos doentes diabéticos e a dos seus familiares. Com a perda da visão, a capacidade de trabalho fica grandemente limitada com perda laboral ou reformas antecipadas; há um aumento progressivo e proporcional à severidade da perda visual da dependência de terceiros até para tarefas básicas”, explica Lilianne Duarte, oftalmologista e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.

“Uma vez que se trata de uma doença crónica, muitas vezes com necessidade de tratamento e consultas regulares, cuja frequência e complexidade aumenta com a severidade da doença, o custo para o SNS ou para o próprio, para os familiares com as deslocações e faltas ao trabalho, pode tornar-se exorbitante. Quanto mais avançada a idade, a essas implicações da retinopatia diabética acrescem as provocadas pelas comorbilidades (doenças associadas) e limitações expectáveis devido à idade. As implicações sócio-afetivas são evidentes nessas situações”, reforça a especialista.

PR/HN/RA

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