A importância de ter o farmacêutico “mais associado à prática clínica, menos preso com processos logísticos e de compras e mais na consulta farmacêutica” – “onde ele acrescenta mais valor” – foi abordada pela primeira vez no “Índex Nacional de Acesso ao Medicamento”, mas Xavier Barreto disse ao HealthNews que esta análise terá continuidade.
“Interessa-nos perceber como é que isto vai evoluir no futuro, se temos ou não capacidade para disponibilizar a consulta farmacêutica – que foi aquilo que medimos neste índex – a todos os doentes que dela podem beneficiar”, explicou o presidente da APAH.
A consulta farmacêutica está a funcionar em apenas 27% dos hospitais e, nesses, não chega a todos os doentes. Segundo Xavier Barreto, “há claramente um problema de recursos, há um problema de farmacêuticos para alimentar esta consulta e importa que se faça mais investimento nesta dimensão”.
Importa para os doentes e para o sistema de saúde, porque a reconciliação terapêutica e a adesão terapêutica são “duas atividades desenvolvidas pelo farmacêutico nesta consulta”.
“Reconciliação é perceber com o doente se ele tem eventualmente fármacos que estão duplicados, como e a que horas é que ele deve tomar os fármacos e tentar perceber se aquele esquema terapêutico do doente está otimizado. Isto é bom para o doente e também pode poupar recursos e custos aos hospitais”, esclareceu Xavier Barreto.
Simultaneamente, o farmacêutico pode intervir nos doentes que não tomam os medicamentos ou que não sabem como proceder. Consequentemente, o doente “terá naturalmente melhores resultados em saúde, irá menos vezes à urgência, terá menos agudizações e estará mais controlado, com menos sintomas”. “Portanto, esta consulta faz todo o sentido.”
Xavier Barreto quis ainda destacar dois outros pontos, onde também “é preciso avançar rapidamente”: é preciso “acelerar a forma como introduzimos os medicamentos inovadores nos nossos hospitais” – e “isso faz-se claramente capacitando os serviços de compras, mas capacitando também as comissões de farmácia e terapêutica” – e, por outro lado, realçar “a importância de medirmos na perspetiva do doente o resultado de uma determinada terapêutica” – “fundamental para nós podermos reformular a forma como prestamos cuidados e até para suportar a elaboração de acordos de partilha de risco”.
HN/Rita Antunes
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