“Temos que lutar para zero novas infeções, zero mortes por Sida e também zero discriminação”, apelou José Maria Neves, numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Luta Contra a Sida, assinalado esta quinta-feira, onde destacou os progressos alcançados pelo país no combate à doença, “graças ao envolvimento de todos”.
No entanto, o Presidente de Cabo Verde constatou que um dos maiores problemas que infetados e afetados ainda enfrentam é o estigma da marginalização e da discriminação, tanto na família, na comunidade, no trabalho e na sociedade.
“Para ‘Não deixar ninguém para trás’ é preciso mais inclusão e empatia, e desmontar mitos, para, ao mesmo tempo, garantir que os Direitos Humanos estejam a ser respeitados, protegidos e cumpridos”, defendeu o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana.
Na sua mensagem, José Maria Neves apelou ainda para que haja a adoção de estilos de vida saudáveis, com escolhas responsáveis nos relacionamentos sexuais, tendo a prevenção como o melhor remédio para se evitar a propagação de infeções.
“Por outro lado, por sermos uma sociedade cuja população é maioritariamente jovem e, logo, sexualmente ativa, há que apostar na mudança de comportamento da juventude”, prosseguiu ainda Neves, alertando para que o “elevado número” de casos de gravidez na adolescência revela uma exposição ao risco de uma infeção devido a práticas sexuais desprotegidas.
Neste sentido, considerou que se deve adequar os currículos escolares à realidade atual, educando os jovens e adolescentes para uma vida sexual ativa responsável.
“Como Presidente da República, exorto a todos para continuarmos os esforços de forma a acelerar os ganhos conseguidos e atingir as grandes metas propostas pela ONU-SIDA para vencermos esta luta e erradicar o VIH em 2030”, traçou o chefe de Estado.
Conforme dados avançados ontem pela Secretaria Executiva do Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCS-Sida), Celina Ferreira, Cabo Verde continua a ter uma prevalência de 0,6% de VIH, o que corresponde cerca de 5.500 pessoas que vivem com a doença.
Desse total, cerca de três mil pessoas estão em tratamento, sendo que destas mais de 60% são mulheres.
No ato central para assinalar o dia, a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, também destacou os ganhos alcançados pelo país nos últimos 36 anos (o primeiro caso foi detetado em 1986), e manifestou o desejo de conseguir “baixar o máximo possível” o nível de prevalência.
A governante disse que a meta do país é eliminar a transmissão vertical do VIH em 2024 e conseguir erradicar a transmissão entre as pessoas em 2030.
“Se houver envolvência de todos, sem exceção, e também o contínuo reforço que se tem feitio em erradicar a pobreza, as desigualdades, em garantir a cobertura da saúde de forma transversal para que possamos estar no mesmo nível e continuarmos a enfrentar este grande desafio que é de todos nós”, traçou.
Para 2024, o país prevê obter o certificado de eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho) do VIH-Sida, que é de 0,1%, conforme o V Plano Nacional Estratégico de Luta contra a Sida (PNLS) 2022–2026 apresentado em setembro, na cidade da Praia.
LUSA/HN
0 Comments