Metade das crianças com menos de 5 anos sofre de desnutrição aguda na Somália

9 de Dezembro 2022

Mais de metade das crianças da Somália com menos de 5 anos - cerca de 1,8 milhões - estão gravemente desnutridas devido à seca severa, ataques terroristas e ao aumento dos preços dos alimentos, advertiu hoje a Plan International.

“[As crianças da Somália] não podem esperar: apelamos aos doadores e aos Estados para que invistam urgentemente na prevenção e na resposta”, disse a chefe executiva da organização não-governamental Plan International, Concha Lopez, numa declaração.

“A alimentação é um direito protegido pelo direito internacional”, acrescentou.

De acordo com os últimos dados da Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC, na sigla em inglês) – uma ferramenta que classifica a gravidade das situações de segurança alimentar – 54,5% dos somalis com menos de 5 anos sofrem de desnutrição aguda, uma doença que enfraquece o sistema imunitário, colocando-as em risco de adoecer e morrer.

Se não for tratada, pode também prejudicar gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.

Após cinco épocas consecutivas de precipitação abaixo do normal, a Somália está a suportar a sua pior seca em 40 anos, um problema que tem sido agravado pelo “conflito interno” do país, disse a Plan International.

Como resultado desta “dupla crise”, cerca de 7,8 milhões de pessoas na Somália estão a passar fome.

“As taxas de mortalidade ultrapassaram os limiares de emergência em várias áreas”, disse o IPC no seu último relatório, divulgado em meados de setembro.

A Organização das Nações Unidas advertiu para o facto de pelo menos duas áreas no centro e sul do país poderem ser declaradas situações de fome intensa e prolongada nos próximos meses, o estado mais grave de insegurança alimentar.

A fome que se aproxima pode ser ainda pior do que a de 2011, que provocou a morte a, pelo menos, 260.000 pessoas.

A seca está também a afetar outros países do Corno de África, incluindo a Etiópia, Quénia, Djibuti e partes do Uganda, e milhões de pessoas estão a passar fome.

A Somália encontra-se em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem Governo efetivo e nas mãos de milícias rebeldes, como o Al-Shebab, e senhores da guerra.

LUSA/HN

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