Ouvido quarta-feira à tarde na comissão de Saúde da Assembleia da República, o porta-voz da Comissão Cívica de Defesa dos Utentes do Centro Hospitalar do Oeste, Vítor Dinis, desafiou os deputados a “solicitar ao Governo que mande inspecionar as entidades empregadoras” às quais os hospitais do Oeste requisitam profissionais de saúde, considerando que estas “têm contribuído para aumentar as dificuldades para que os hospitais consigam contratar médicos”.
A falta de profissionais de saúde foi um dos “grandes problemas” apontados por Vítor Dinis aos deputados durante a audição sobre o estado da Saúde no Oeste, região onde, segundo o porta-voz da comissão, “todos os dias estão a morrer pessoas por falta de assistência”.
A par com a falta de médicos e enfermeiros, a Comissão apontou o dedo à inexistência de uma unidade de Cuidados Intensivos que sirva os cerca de 300 mil utentes do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) e denunciou a falta de investimento nos três hospitais que o integram, as unidades das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche.
“Nestes hospitais há equipamentos obsoletos e a necessidade de outros novos que nunca foram ali colocados”, afirmou Vítor Dinis, lembrando que os problemas nas área da Saúde se estendem ainda aos centros de saúde, “muitos dos quais estão fechados ou, se não estão fechados, têm lá apenas uma pessoa a dizer que não há médicos”.
Relativamente a estas questões, a deputada socialista Sara Velez manifestou a “esperança” de que algumas das medidas tomadas pelo Governo, relativamente ao novo estatuto do Sistema Nacional de Saúde e à passagem de Unidades de saúde Familiar para o modelo B, “tragam a mitigação dos problemas”.
De qualquer forma, a deputada assegurou que os socialistas continuarão “a bater-se pela Unidade de Cuidados Continuados” e por intervenções nos três hospitais.
Uma necessidade reforçada por Hugo Oliveira (PSD), que salientou que “os cuidados nestes três hospitais deixam muito a desejar e precisam de intervenção urgente”.
Para o social-democrata, “o novo Hospital do Oeste é de facto uma necessidade”, mas, “até que este seja uma realidade, é preciso garantir que haja investimento noutras unidades” e, relativamente aos centros de saúde, que o Governo tenha “coragem para avançar rapidamente com o modelo B”.
As queixas da comissão foram ainda reconhecidas pelo deputado do Chega Pedro Frazão, que alertou para a necessidade de melhores cuidados de saúde na região onde “existem várias unidades de turismo de excelência” e “muitos imigrantes ligados à agricultura”.
A propósito dos imigrantes, Pedro Frazão questionou a comissão de utentes se estes já fizeram chegar “algum retorno sobre as respostas que lhes são dadas em termos de Saúde”.
À agência Lusa, Vítor Dinis afirmou, no final da reunião, que “a audiência foi muito positiva, porque no geral os deputados entenderam as preocupações da comissão e concordaram com a necessidade de avançar com medidas para acautelar soluções até à construção do novo hospital”, cuja localização e perfil assistencial deverá ser anunciado até ao final do primeiro trimestre deste ano.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, servindo cerca de 293 mil pessoas, numa área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.
LUSA/HN
0 Comments