Concurso para médicos “desequilibrado” por prever 34 vagas para hospitais

10 de Janeiro 2023

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considerou esta terça-feira o concurso aberto pelo Governo para a contratação de especialistas “extremamente desequilibrado” por prever, num total de 254 vagas, apenas 34 lugares para os hospitais públicos.

“Parece-nos extremamente desequilibrado. Há muitas vagas para Medicina Geral e Familiar e ainda bem, mas 34 vagas hospitalares é algo que não se percebe, porque há muita carência de médicos especialistas ao nível hospitalar em várias valências”, adiantou à Lusa a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.

O Ministério da Saúde anunciou hoje que pretende reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com mais 254 vagas para médicos especialistas.

Segundo o despacho publicado na segunda-feira em Diário da República que distribuiu estes 254 lugares pelas unidades do SNS, estão previstas 196 vagas para a Medicina Geral e Familiar, 24 para a Saúde Pública e 34 vagas para a área hospitalar.

Face a esta distribuição, a dirigente sindical sublinhou ser “inexplicável” que o concurso, além de “tardio”, não contemple lugares para especialistas de Medicina Interna, alegando que é uma das “especialidades mais carentes neste momento em vários sítios no país”, incluindo no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Ao nível hospitalar, o despacho determina uma vaga para a especialidade de Anatomia Patológica, duas para Dermatovenereologia, seis para Endocrinologia e Nutrição, uma para Farmacologia Clínica, uma para Genética Médica, três para Imunoalergologia, duas para Medicina do Trabalho, seis para Medicina Física e de Reabilitação, 11 para Oncologia Médica e uma para Radioncologia.

“Salta também à vista” que, das 11 vagas para Oncologia Médica, apenas uma seja para o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, referiu Joana Bordalo e Sá, ao alertar que os IPO de Lisboa e Porto, que não são contemplados com vagas neste concurso, têm perdido especialistas dessa área recentemente.

Joana Bordalo e Sá considerou ainda que o facto de abrirem agora 254 vagas “não quer dizer que venham a ser ocupadas” pelos jovens médicos, uma vez que o SNS não proporciona uma “grelha salarial digna” aos especialistas que optam por trabalhar nas unidades de saúde públicas.

Segundo o ministério, este concurso destina-se a recrutar os jovens especialistas que concluíram a sua formação na época especial de avaliação do internato médico de 2022, mas está também aberto a médicos que não detenham vínculo definitivo no SNS ou a outros clínicos que estejam fora do serviço público e queiram regressar.

Por essa razão, o Governo decidiu que a quantidade de vagas abertas é intencionalmente superior ao número de médicos recém-especialistas que terminaram a sua formação na segunda época do ano passado, em particular na área da Medicina Geral e Familiar.

“Para além deste procedimento, os médicos das especialidades envolvidas em trabalho de urgência têm sido recrutados nos últimos meses no âmbito de legislação própria”, assegurou ainda o ministério de Manuel Pizarro, adiantando que, nesse âmbito, os hospitais já contrataram 275 especialistas.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Novos diagnósticos de VIH aumentam quase 12% na UE/EEE em 2023

 A taxa de novos diagnósticos de pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) cresceu 11,8% de 2022 para 2023 na União Europeia/Espaço Económico Europeu, que inclui a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein, indica um relatório divulgado hoje.

Idade da reforma sobe para 66 anos e nove meses em 2026

A idade da reforma deverá subir para os 66 anos e nove meses em 2026, um aumento de dois meses face ao valor que será praticado em 2025, segundo os cálculos com base nos dados provisórios divulgados hoje pelo INE.

Revolução no Diagnóstico e Tratamento da Apneia do Sono em Portugal

A Dra. Paula Gonçalves Pinto, da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, concorreu à 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH), com um projeto inovador para o diagnóstico e tratamento da Síndrome de Apneia Hipopneia do Sono (SAHS). O projeto “Innobics-SAHS” visa revolucionar a abordagem atual, reduzindo significativamente as listas de espera e melhorando a eficiência do processo através da integração de cuidados de saúde primários e hospitalares, suportada por uma plataforma digital. Esta iniciativa promete não só melhorar a qualidade de vida dos doentes, mas também otimizar os recursos do sistema de saúde

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Cerimónia de Abertura da 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde: Inovação e Excelência no Setor da Saúde Português

A Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH) realizou a cerimónia de abertura da 17ª edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, destacando a importância da inovação e excelência no setor da saúde em Portugal. O evento contou com a participação de representantes de várias entidades de saúde nacionais e regionais, reafirmando o compromisso com a melhoria contínua dos cuidados de saúde no país

Crescer em contacto com animais reduz o risco de alergias

As crianças que crescem com animais de estimação ou em ambientes de criação de animais têm menos probabilidade de desenvolver alergias, devido ao contacto precoce com bactérias anaeróbias comuns nas mucosas do corpo humano.

MAIS LIDAS

Share This