“Parece-nos extremamente desequilibrado. Há muitas vagas para Medicina Geral e Familiar e ainda bem, mas 34 vagas hospitalares é algo que não se percebe, porque há muita carência de médicos especialistas ao nível hospitalar em várias valências”, adiantou à Lusa a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.
O Ministério da Saúde anunciou hoje que pretende reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com mais 254 vagas para médicos especialistas.
Segundo o despacho publicado na segunda-feira em Diário da República que distribuiu estes 254 lugares pelas unidades do SNS, estão previstas 196 vagas para a Medicina Geral e Familiar, 24 para a Saúde Pública e 34 vagas para a área hospitalar.
Face a esta distribuição, a dirigente sindical sublinhou ser “inexplicável” que o concurso, além de “tardio”, não contemple lugares para especialistas de Medicina Interna, alegando que é uma das “especialidades mais carentes neste momento em vários sítios no país”, incluindo no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Ao nível hospitalar, o despacho determina uma vaga para a especialidade de Anatomia Patológica, duas para Dermatovenereologia, seis para Endocrinologia e Nutrição, uma para Farmacologia Clínica, uma para Genética Médica, três para Imunoalergologia, duas para Medicina do Trabalho, seis para Medicina Física e de Reabilitação, 11 para Oncologia Médica e uma para Radioncologia.
“Salta também à vista” que, das 11 vagas para Oncologia Médica, apenas uma seja para o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, referiu Joana Bordalo e Sá, ao alertar que os IPO de Lisboa e Porto, que não são contemplados com vagas neste concurso, têm perdido especialistas dessa área recentemente.
Joana Bordalo e Sá considerou ainda que o facto de abrirem agora 254 vagas “não quer dizer que venham a ser ocupadas” pelos jovens médicos, uma vez que o SNS não proporciona uma “grelha salarial digna” aos especialistas que optam por trabalhar nas unidades de saúde públicas.
Segundo o ministério, este concurso destina-se a recrutar os jovens especialistas que concluíram a sua formação na época especial de avaliação do internato médico de 2022, mas está também aberto a médicos que não detenham vínculo definitivo no SNS ou a outros clínicos que estejam fora do serviço público e queiram regressar.
Por essa razão, o Governo decidiu que a quantidade de vagas abertas é intencionalmente superior ao número de médicos recém-especialistas que terminaram a sua formação na segunda época do ano passado, em particular na área da Medicina Geral e Familiar.
“Para além deste procedimento, os médicos das especialidades envolvidas em trabalho de urgência têm sido recrutados nos últimos meses no âmbito de legislação própria”, assegurou ainda o ministério de Manuel Pizarro, adiantando que, nesse âmbito, os hospitais já contrataram 275 especialistas.
LUSA/HN
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