A média da temperatura do ar esteve 1,38 graus celsius (°C) acima do valor normal registado no período de referência de 1971-2000, refere o balanço da divisão Clima e Alterações Climáticas do IPMA relativo ao ano passado.
O país registou seis ondas de calor – uma em maio, quatro no verão e uma no outono – e a média da temperatura máxima do ar foi de 22,32°C, mais 1,82°C que o valor normal, segundo o relatório dos serviços meteorológicos, que adianta que os “últimos 14 anos registaram sempre anomalias positivas”.
A média da temperatura mínima do ar, 10,96°C, foi 0,94°C acima do normal e a quarta mais alta dos últimos 91 anos.
Classificado “como extremamente quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação”, 2022 foi o ano em que 80% do território de Portugal Continental foi considerado “em seca severa extrema”.
O total de precipitação anual foi de 797,6 mm, 84 mm abaixo do valor normal, com 70% da chuva a ocorrer nos últimos quatro meses de 2022.
Foram registados “cinco episódios de precipitação intensa e persistente”, um em setembro e quatro em dezembro, que “resultaram em cheias e inundações em várias regiões” do país.
O balanço do IPMA precisa que a passagem do ciclone extra-tropical Danielle por Portugal resultou num valor médio de precipitação de 55,2 mm entre 12 e 15 de setembro, o que correspondeu a “77 % do valor total do mês”.
Em relação a valores extremos de temperatura do ar, precipitação e vento em Portugal continental, o boletim revela que a temperatura mínima mais baixa, -7,5°C, foi registada em Mirandela (distrito de Bragança) no dia 30 de janeiro de 2022 e que a temperatura máxima mais alta, 47°C, foi registada no dia 14 de julho, em Pinhão, na região do Douro.
A maior quantidade de precipitação em 24 horas, 110,6 mm, foi registada em 13 de dezembro de 2022 na estação Lisboa/G.C. do IPMA, enquanto a rajada de vento mais forte, de 119,5 quilómetros hora, ocorreu em 11 de dezembro em Fóia, no ponto mais alto do Algarve, na serra de Monchique.
O ano de 2022 foi o quinto mais quente no mundo desde que há registo, de acordo com os dados climáticos globais recolhidos pelo Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus da União Europeia e divulgados na terça-feira.
Este serviço, que reúne dados globais desde 1959, indicou que o ano passado – o quinto mais quente no mundo, depois de 2016, 2020, 2019 e 2017 – a temperatura média foi 0,3ºC acima do período de referência de 1991-2020, equivalendo aproximadamente a 1,2ºC acima da do período de 1850-1900.
Referiu ainda que a par dos verões, os invernos estão a ficar mais quentes na Europa, e de forma mais intensa, em resultado do aumento global das temperaturas.
“Com o aumento das temperaturas mundiais, as vagas de calor e os períodos quentes tornam-se mais frequentes e mais intensos, e tal não se limita apenas aos meses de verão”, afirmou, em declarações à agência noticiosa AFP, Freja Vamborg, cientista do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, assinalando que “os invernos estão a ficar mais quentes em resultado do aumento global das temperaturas”.
De acordo com Vamborg, “o aquecimento é mais acentuado no inverno” no norte da Europa e “mais evidente no verão” no sul do continente.
LUSA/HN
0 Comments