A OMS divulgou esta segunda-feira, no Dia Mundial de Combate à Doença Tropical Negligenciada, um relatório global que indica avanços mas refere a necessidade de “mais investimentos para erradicar o problema que ainda afeta 179 países e territórios”.
Entre as DTN estão o dengue, chicungunha, doença de Chagas, hanseníase, lepra ou tracoma, entre outras.
“Estas enfermidades continuar a afetar, de forma desproporcional, os mais pobres em áreas com serviços precários de água e saneamento além de cuidados de saúde”, sublinhou o ONU News – órgão de comunicação oficial das Nações Unidas.
Segundo a OMS, apenas 16 países concentram 80% de todo o volume global das DTN.
Em 2021, 179 países e territórios notificaram pelo menos um caso de DTN e, em todo o mundo, 1.650 milhões de pessoas precisaram de tratamento e cuidados.
Em países de língua portuguesa afetados pelas DTN, como Angola, Brasil ou Timor-Leste, foram tomadas “várias ações de combate”, destaca o ONU News que cita dados do relatório.
Angola, por exemplo, não reportou nenhum caso de transmissão de animais para humanos, mas detetou sete cães infetados com dranculíase ou verme da guiné, no ano passado.
O Brasil e Timor-Leste anunciaram ações para o combate de vetores assim como São Tome e Príncipe, enquanto doenças como hanseníase, dengue, chicungunha e doença de Chagas ainda são prevalentes em várias regiões do Brasil, aponta ainda o ONU News.
Para a ex-diretora do Departamento de Doenças Infecciosas da OMS e também ex-chefe da pasta na Guiné-Bissau, Magda Robalo, este tema é também “uma questão de inclusão”.
“São doenças que afligem, sobretudo, as populações mais pobres. As que têm falta de acesso à água potável, ao saneamento básico, e acesso a cuidados de saúde básicos e de qualidade. Os governos dos países afetados devem prestar mais atenção às doenças tropicais negligenciadas e alocar mais recursos humanos, financeiros, medicamentos e apoio logístico para o seu combate”, frisou.
Para a agência da ONU, 2021 e 2022 são “resultados de uma década de avanços”, referindo que em 2021, por exemplo, 25% a menos de pessoas precisaram de tratamento contra estas doenças, em comparação com números de 2010.
No total, mais de mil milhões de doentes foram tratados a cada ano, entre 2016 e 2019, por intervenções em massa.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lembrou, citado na nota do ONU News, que apesar do sucesso com milhões de pacientes, o mundo “permanece preso a ciclos de pobreza e estigma”.
Para Tedros Ghebreyesus, ainda há muito trabalho a ser feito, mas a boa notícia é que existem meios e informação para prevenir o sofrimento.
LUSA/HN
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