A Associação Nacional das Farmácias convidou Adalberto Campos Fernandes para refletir sobre a seguinte questão: “Financiadores, Reguladores, Prestadores, Sistemas e Serviços de Saúde: atingir o equilíbrio perfeito?”
Hoje, no Centro de Congressos de Lisboa, o professor da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa admitiu que “temos aqui o mote para uma boa troca de ideias”. “A má notícia é que este equilíbrio será impossível de atingir.” Dito isto, “não teremos necessariamente que ficar por isso menos animados ou menos otimistas”, tranquilizou o ex-ministro, frisando que “fomos talvez, na Europa Continental, dos países que mais se transformou nos últimos 30 anos”.
Mas “este otimismo não deve contudo inibir-nos de sermos muito pragmáticos e muito realistas” sobre este mundo que mudou, porque “o mundo mudou muito”, “sobretudo na composição do tecido social”, de que Portugal é exemplo nítido – um dos desafios que Adalberto Campos Fernandes quis expor. Outro, as novas competências nos hospitais, é “uma transformação silenciosa que está a ocorrer e onde os farmacêuticos têm também papéis novos e papéis de acrescida responsabilidade”.
“Qual é a equação mais difícil de responder? Garantir o financiamento das políticas públicas de saúde. (…) Cuidado com a reclamação repetida de mais financiamento, mais financiamento sem cuidar da gestão, da estratégia, da organização”, advertiu.
À questão lançada no âmbito do congresso o especialista em saúde pública respondeu com os seguintes pontos: “lutar insistentemente por proteger a universalidade” – sendo que “a OMS não diz que os sistemas têm que ser públicos ou privados, diz apenas que os governos têm que assegurar a cobertura geral e universal” –; equidade, o que implica “dar a Castelo Branco as mesmas oportunidades em proteção da saúde que tem Lisboa” – “e aí insisto naquilo que vos disse há pouco, não é fechar serviços em Castelo Branco, seguramente –; qualidade e, finalmente, eficiência e sustentabilidade.
“Porque é que eu insisto nisso? Porque a minha preocupação e a de todos nesta sala é com o legado que nós deixamos para as novas gerações. Eu gostaria que as minhas filhas não estivessem num país dominado e condicionado pelo excesso de dívida a terceiros”, acrescentou.
No interior, “o serviço público tem que suportar o custo negativo de ter serviços abertos”. “E portanto, não se pode no sistema público ter uma ideia de que a eficiência se aplica pelo encerramento ou pelo fechamento. E isso exige recursos financeiros.”
HN/RA
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