Especialistas realçam papel das farmácias na melhoria do funcionamento do sistema de saúde

10 de Fevereiro 2023

Foi no 14º Congresso das Farmácias que vários os especialistas tiveram como objetivo debater a necessidade de maior interligação dos cuidados de saúde e o papel das farmácias enquanto estruturas de proximidade. 

Na sessão subordinada ao tema “Farmácias. A saúde próxima de todos”, o atual bastonário da Ordem dos Médicos começou por subscrever a ideia de que “as farmácias são a mão longa do Serviço Nacional de Saúde”.

Para Miguel Guimarães é essencial ver reconhecido o papel das farmácias comunitárias na promoção da saúde. “Quando queremos um país com mais pessoas saudáveis e menos pessoas doentes (…) temos que investir na prevenção da doença, promovendo uma maior literacia”. Aos olhos do responsável, os farmacêuticos comunitários desempenham um papel fundamental na “educação em Saúde”.

Na sessão, o bastonário considerou que a Saúde “não pode ficar confinada nos Cuidados de Saúde Primários e nos hospitais”, defendendo, por isso, um maior envolvimento dos farmacêuticos. “São profissionais de saúde altamente diferenciados e têm a possibilidade de conhecer as várias dimensões da saúde”, reforçou.

Entre os desafios apontados na sustentabilidade e eficácia de funcionamento do sistema, Miguel Guimarães destacou o desperdício na saúde e a dificuldade na partilha de informação.

“Tem que haver maior cuidado naquilo que são as medicações crónicas (…) porque os doentes, tanto vão ao seu médico de família, como passam por consultas hospitalares e não é raro ver este tipo de doentes a fazer dois medicamentos iguais de diferentes marcas. Isto acontece mais vezes do que seria desejado”, lamentou.

Ao admitir que existem “muitos doentes a saltar de um sítio para o outro”, o bastonário apontou como essencial a criação de um processo clínico único. “Isto iria gerar uma poupança muito grande ao sistema porque, infelizmente, o SNS não tem tido a capacidade de resposta para servir os 10 milhões de portugueses”.

No encontro, coube a Erica Viegas, Membro do Conselho Diretivo da Autoridade do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED), abordar a forma como os serviços e cuidados farmacêuticos podem contribuir para a resolução dos atuais e futuros desafios da Saúde.

A especialista começou sublinhar o contributo das farmácias no funcionamento eficaz do sistema. Entre os aspetos positivos, Erica Viegas destacou a capilaridade territorial; a elevada capacidade de organização e funcionamento em rede e a confiança das populações.

“A definição de cuidados e serviços farmacêuticos tem evoluído ao longo do tempo. Atualmente não falamos apenas dos cuidados relacionados com o uso de medicamentos, mas também dos serviços que são prestados em diferentes áreas da saúde e bem-estar. As farmácias comunitárias prestam cuidados mais abrangentes”, realçou.

Sobre os ganhos em saúde com o envolvimento dos farmacêuticos, a oradora sublinhou o papel destes profissionais na gestão da disponibilidade de medicamentos.

No final da sessão, Erica Viegas concluiu: “As farmácias comunitárias desempenham um papel essencial na identificação e notificação de roturas de stock de medicamentos, assim como na garantia da continuidade da dispensa e na disponibilidade de tranquilização da população”.

A sessão contou ainda com a participação de Maria do Rosário Zincke, Presidente da Plataforma Saúde em Diálogo e Fernando de Almeida, Presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

HN/VC

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