O Programa dará apoio a projetos de investigação biomédica promovidos por centros de investigação, hospitais e universidades, com o objetivo de contribuir para a transferência dos resultados dessa investigação para a sociedade e para o mercado através do apoio à criação de novos produtos, serviços e empresas relacionados com as ciências da vida e a saúde.
Em 2023, um painel de especialistas e profissionais da área das ciências da vida e da saúde irá selecionar até 25 novos projetos de ambos os países, aos quais a Fundação ”la Caixa” irá conceder até 5 milhões de euros para que façam chegar as suas inovações ao mercado e, portanto, aos doentes que delas necessitem. Os investigadores interessados poderão apresentar os seus projetos a este concurso entre 13 de fevereiro e 30 de março através do seguinte link.
Neste novo concurso, os projetos selecionados poderão percorrer um itinerário de financiamento de até três fases. Os investigadores poderão aceder ao Programa em qualquer uma destas fases, em função do nível de maturidade do seu projeto e, após alcançarem metas específicas de desenvolvimento e terem sido sujeitos a uma avaliação por parte da Comissão de Avaliação, poderão avançar para fases posteriores com maior financiamento. No total, um projeto poderá receber até 700 000 euros se percorrer o itinerário todo.
Estes apoios vão na esteira do compromisso com a inovação que a Fundação ”la Caixa” mantém desde 2015. Foi nessa altura que criou o primeiro programa (concursos Validate e Consolidate), que concedeu 18 milhões de euros a um total de 173 projetos, 17 deles portugueses, que deram origem à criação de 39 spin-offs. Por seu turno, estas empresas atraíram mais de 34 milhões de euros de outras fontes de financiamento. «É imprescindível apoiar os cientistas e investir em inovação para poder transformar os avanços que os investigadores alcançam nos seus laboratórios em melhorias efetivas para a saúde das pessoas», salientou Antonio Vila Bertrán, diretor-geral da Fundação ”la Caixa”.
O concurso é realizado em colaboração com a Caixa Capital Risc, uma das principais investidoras de venture capital em Espanha, com mais de 20 anos de experiência. Através do fundo especializado Criteria Bio Ventures, investe na área da biotecnologia e das ciências da vida, dando apoio a empresas inovadoras que dão resposta a necessidades médicas não satisfeitas. A Caixa Capital Risc faz parte da CriteriaCaixa, a holding que gere o património empresarial da Fundação ”la Caixa”.
Além disso, em Portugal, este concurso conta com a parceria da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que financia um dos projetos portugueses selecionados.
Desde 2015, as equipas dos projetos selecionados nos concursos Validate e Consolidate receberam também 1000 horas de formação e mais de 4000 horas de mentoria e consultoria, que não só lhes permitiram validar a proposta de valor dos seus ativos, mas também adaptá-la no sentido de maximizar as probabilidades de sucesso da transferência.
«Nos últimos anos, o ecossistema da inovação sofreu grandes mudanças, por isso queremos adaptar-nos promovendo o CaixaImpulse Inovação, que terá um alcance maior, será mais flexível e oferecerá mais financiamento e um acompanhamento especializado adaptado às necessidades de cada iniciativa», explicou Ignasi López, diretor da Área de Relações com Instituições de Investigação e Saúde da Fundação ”la Caixa”.
A aprendizagem retirada da experiência dos investigadores que passaram pelo concurso anterior permite agora criar o CaixaImpulse Inovação, que irá reforçar alguns dos maiores ativos descritos pelos participantes, como a mentoria e o acompanhamento por especialistas internacionais das várias áreas do ecossistema da inovação. O acompanhamento que, até agora, podia durar dois anos passa a ser de até seis anos, nos casos em que o projeto aceda ao Programa na primeira fase, isto é, nos casos em que seja acompanhado desde a ideia inicial até ao licenciamento do produto ou à obtenção de financiamento de outras fontes.
Nas palavras de José Luis Cabero, consultor e mentor de projetos de inovação no CaixaImpulse, antigo CEO da AELIX Therapeutics e VP da AstraZeneca, «os mentores e a formação têm como objetivo principal contribuir para identificar e sustentar o que a inovação alvo da proposta pode oferecer em comparação com que está a ser utilizado atualmente ou com o que está a ser desenvolvido a nível mundial. Como mentor, contribuo para que se tenha consciência dos recursos necessários e dos tempos de desenvolvimento, que costumam estar muito acima das estimativas do empreendedor».
Além do apoio sob a forma de horas de mentoria e consultoria, os investigadores receberão formação especializada durante quatro semanas, repartidas entre Barcelona e Madrid, sobre temas como transferência de tecnologia, legislação sobre propriedade intelectual, apresentação a investidores e celebração de acordos comerciais.
A Fundação ”la Caixa” apoiou projetos portugueses em concursos de inovação anteriores. Entre os projetos selecionados encontra-se o de Lorena Diéguez, do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) de Braga. Lorena Diéguez está a desenvolver um sistema microfluídico chamado RUBYchip(TM), que permitirá fazer o diagnóstico de um doente através de biopsia líquida, um teste de laboratório realizado a uma amostra não sólida, principalmente de sangre, que visa identificar células cancerosas num tumor ou em pequenos fragmentos de ADN, ARN ou outras moléculas que as células tumorais libertam nos fluidos corporais. Esta técnica de diagnóstico representa um avanço significativo relativamente à tradicional biopsia de tecidos, na medida em que pode facilitar o diagnóstico da doença metastática e permitir prever uma possível resistência a um tratamento, o que possibilitaria a escolha de um novo regime terapêutico com maior probabilidade de sucesso. Para avançar no seu desenvolvimento pré-clínico, foi constituída a empresa Rubyanomed, Lda. em 2021.
Outro projeto de investigação apoiado pela Fundação ”la Caixa” é o projeto liderado por Inês C. Gonçalves, do INEB – Instituto Nacional de Engenharia Biomédica. As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) são um problema grave para os sistemas de saúde no mundo inteiro. Só na Europa, provocam 25 000 mortes por ano. A principal causa das IACS são dispositivos médicos contaminados, sobretudo cateteres. É neste contexto que Inês Gonçalves está a desenvolver o SmartCap, uma tampa inteligente para a esterilização de cateteres. Esta tampa para cateter integrada e reutilizável tem uma vareta de esterilização fotoativada que é introduzida no cateter e evita infeções bacterianas sem induzir resistência microbiana. O objetivo dos investigadores deste projeto é otimizar a tecnologia SmartCap e introduzi-la no mercado. Recentemente, foi constituída a spin-off Go Antimicrobial Technologies, Lda. para avançar no desenvolvimento da tecnologia e captar financiamento adicional.
Conseguir que o produto da investigação saia do laboratório e chegue aos doentes sob a forma de soluções capazes de contribuir para melhorar a sua saúde é um dos objetivos da Fundação ”la Caixa”.
O concurso CaixaImpulse Inovação vem complementar os esforços envidados pela Fundação ”la Caixa” noutros programas estratégicos de inovação, levados a cabo em Portugal, para promover a criação de novos produtos, serviços e empresas relacionados com as ciências da vida e a saúde.
NR/HN
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