“Estamos muito preocupados com as notícias de um surto de sarampo na região”, disse o porta-voz do ACNUR para a Etiópia, Neven Crvenkovic.
Os refugiados chegaram à região somali da Etiópia fugindo dos combates entre o Exército Regional da Somalilândia, uma região autoproclamada secessionista independente no norte da Somália, e civis antigovernamentais armados.
“Continuamos a ver recém-chegados, embora em menor número”, disse o porta-voz, que agradeceu às autoridades etíopes por manterem “as suas fronteiras abertas para estas pessoas que fogem da violência e insegurança”.
Crvenkovic disse também que muitos refugiados perderam o seu meio de subsistência e necessitam desesperadamente de assistência nutricional e de instalações médicas.
Os serviços públicos de educação ou saúde nas três áreas da região somali que acolhem refugiados (Bokh, Galhamur e Danod) são escassos.
O porta-voz salientou que um dos maiores desafios é o fornecimento de água numa área onde antes da chegada dos refugiados somalis já havia 45.000 pessoas deslocadas internamente devido a uma seca intensa, a pior registada no Corno de África nos últimos 40 anos.
Os confrontos de que fogem estes refugiados começaram a 06 de fevereiro em Las Anod, a capital administrativa da região de Sool no sul da Somalilândia, um território disputado pela própria Somalilândia e pelo vizinho estado somali de Puntlândia.
O exército da Somalilândia lançou um ataque à sede de um comité de 33 pessoas nomeadas pelos líderes tradicionais para discutir o futuro da região Sool como pertencente à Somalilândia ou Somália, incitando os civis a pegar em armas para se defenderem, disseram as autoridades locais.
No entanto, o Ministério da Informação da Somalilândia deu uma versão diferente dos acontecimentos, relatando que as suas bases do exército e sede do ministério em Las Anod “estiveram sob forte fogo de terroristas armados mobilizados por líderes anarquistas tradicionais da cidade”.
Desde então, mais de 200 pessoas foram mortas, segundo as autoridades de Las Anod, e até 200 mil pessoas foram deslocadas dentro da Somalilândia, informou hoje a ONU.
A Somalilândia encontra-se numa crise política depois de o seu presidente, Muse Bihi Abdi, ter decidido prolongar o seu mandato, que deveria ter expirado em novembro passado, por um período de dois anos e cancelado a realização de eleições regionais.
A Somalilândia, que foi um protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria Constituição, moeda e Governo, e um melhor desenvolvimento económico e estabilidade política do que a Somália.
A região declarou a sua separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barré foi derrubado.
Nas últimas décadas, a Somália e a Somalilândia encetaram, sem sucesso, várias tentativas de diálogo sobre a independência da região.
LUSA/HN
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