Analisando os resultados obtidos, destaca-se que a maioria dos inquiridos assume não dormir bem: 52% sente que raramente ou apenas às vezes dorme bem, 75% dorme menos de 7 horas e 19% dorme menos de 6 horas por noite.
Em relação às dificuldades com o sono, 22% refere demorar mais de 30 minutos a adormecer, 44% diz já ter feito medicação para dormir e 12,5% tomam essa medicação todos os dias. Dezassete por cento tem problemas de roncopatia e, no que diz respeito ao impacto dos hábitos de sono no dia seguinte, 24% acorda sempre ou frequentemente cansado e 51% tem sonolência diurna excessiva.
“Estes dados preocupam-nos por apontarem para uma tendência de sono insatisfatório e de má qualidade em metade da nossa amostra, mas também por porem em destaque os problemas de privação de sono e queixas de insónia. O facto de a maioria dos inquiridos referir sonolência diurna excessiva e de 1/4 referir cansaço ao despertar enquadra-se quer nos hábitos referidos de sono insuficiente, quer eventualmente em distúrbios do sono não identificados, como a apneia do sono (cujo primeiro sinal pode ser o ressonar). Esta prevalência de sintomas diurnos resultantes de um sono de má qualidade deve alertar-nos a todos para os riscos do impacto cognitivo, laboral, social e familiar nestes doentes”, referem Mafalda van Zeller e Vânia Caldeira, da SPP. As médicas pneumologistas consideram ainda “ser de particular preocupação o facto de 28% dos inquiridos reconhecer nunca ter procurado ajuda apesar de identificar queixas de sono”.
“É fundamental refletirmos sobre o sono e sobre a sua importância. Tem de ser uma prioridade na nossa agenda. O sono é um dos pilares essenciais para a saúde física e mental. Durante o sono ocorrem processos essenciais à nossa vida e para a nossa saúde, entre os quais, a regulação da função do sistema imunitário, a consolidação de memórias e aprendizagens, regulação do humor e o controlo metabólico e do apetite”, reforçam Mafalda van Zeller e Vânia Caldeira.
Neste Dia Mundial do Sono (17 de março) e perante estes resultados, para as especialistas, torna-se “essencial relembrar a importância de estarmos atentos ao nosso sono e dos nossos familiares – dormir mal, ter dificuldade em adormecer ou manter o sono ou ressonar não é normal. Os distúrbios do sono, como a insónia e a apneia do sono, são cada vez mais prevalentes e têm impacto na saúde física e mental, pelo que a sua suspeita deve levar à procura de avaliação médica especializada em consulta do Sono”.
Reconhecendo este papel fundamental do sono, este ano, a SPP promove uma iniciativa que pretende abranger várias especialidades médicas, além da Pneumologia, que lidam com doenças que têm como causa ou fator de risco os distúrbios do sono – “Sono é essencial para a saúde”. Assim, serão divulgados, nas redes sociais da SPP, 11 vídeos que incluem a perspetiva de pneumologistas, cardiologistas, endocrinologistas, psiquiatras, neurologistas, internistas, psicólogos, médicos de família e farmacêuticos sobre diferentes patologias relacionadas com o sono e sobre o consumo de medicamentos para dormir em Portugal.
Adicionalmente, em parceria com a Associação Nacional de Farmácias, a SPP produziu um conjunto de materiais de divulgação e sensibilização da população, mas também dos farmacêuticos que, muitas vezes, são os primeiros profissionais de saúde a responder às questões dos utentes. Em Portugal, o consumo de medicamentos e suplementos para dormir tem vindo a aumentar, situação que preocupa também a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, uma vez que este tipo de medicação pode mascarar problemas do sono mais graves, que devem ter um acompanhamento diferenciado.
Está ao alcance de todos implementar uma boa higiene do sono. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia deixa algumas sugestões: dar prioridade ao sono e ter tempo para dormir as horas necessárias (7 a 9 horas no adulto); ser consistente, ou seja, manter um horário de dormir regular; preparar o sono, mantendo um ambiente calmo e tranquilo ao final do dia e limitando a exposição à luz e ao ruído; evitar o uso de telemóvel, computador ou tablet antes de dormir; manter um estilo de vida ativo e fazer exercício físico regular; evitar o consumo de cafeina, nicotina e álcool antes de dormir e minimizar o seu uso.
Se apesar das medidas de higiene do sono tem dificuldade em adormecer ou manter o sono, se acorda cansado ou sonolento durante o dia e se ressona e apresenta paragens respiratórias durante o sono, é essencial procurar ajuda médica.
PR/HN/RA
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