“Fica claro quem é que de facto quer negociar e quem, se calhar, está a atrasar as coisas. Seguramente não é a FNAM”, disse à Lusa a presidente desta federação, Joana Bordalo e Sá, adiantando que a estrutura sindical foi informada do cancelamento desta reunião presencial na terça-feira ao fim da tarde.
Além da reunião de quinta-feira, estava já agendado um outro encontro para 31 de março, que se mantém.
Na resposta, o Ministério da Saúde garantiu que “a negociação com a FNAM se mantém”, mas adiantou que “foi acordada uma alteração do seu formato para um modelo remoto”, tendo em conta a “natureza técnica das matérias agendadas e a necessidade de densificar o trabalho sobre temáticas como a parentalidade e os ciclos de trabalho na urgência”, antes de se retomar o modelo habitual e previamente calendarizado.
“A reunião agendada para dia 31 de março será realizada presencialmente, conforme anteriormente combinado”, assegurou fonte do ministério à Lusa.
Joana Bordalo e Sá referiu ainda que a FNAM, um dos dois sindicatos envolvidos nas negociações, tinha pedido a presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, na reunião de quinta-feira para que fosse possível “adiantar, nem que fosse preliminarmente, o projeto do novo regime de trabalho em dedicação exclusiva e começar a apontar para as grelhas salariais”.
A FNAM contava que a reunião agora cancelada “fosse dar um impulso à negociação”, depois do “movimento da última semana”, disse Joana Bordalo e Sá, referindo-se à greve de dois dias dos médicos e que, de acordo com os números do sindicato, registou uma adesão entre 85% e 90% nos centros de saúde e hospitais.
A greve foi convocada pelos sindicatos que integram a FNAM para reivindicar a valorização da carreira e a atualização das tabelas salariais, mas também uma maior celeridade nas negociações com o Governo, ainda sem acordo após várias reuniões inconclusivas.
O protesto dos médicos não contou com o apoio do Sindicato Independente do Médicos (SIM), que se demarcou do protesto, alegando que não se justificava enquanto decorrem negociações com o Governo.
O protocolo negocial estabelecido entre as duas partes prevê que as negociações decorram até junho, mas os dois sindicatos têm exigido medidas estruturais urgentes e melhores condições de trabalho para permitir fixar e captar mais médicos para o SNS.
Estas negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas a definição das matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.
LUSA/HN
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