A assembleia municipal deliberou, na quarta-feira, “repudiar o eventual encaminhamento dos doentes do concelho de Mafra para o [futuro] hospital do Oeste, caso o mesmo seja construído no Bombarral ou noutra zona a norte de Torres Vedras”, através de uma moção, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
Para os autarcas mafrenses, “tal solução obrigaria a percorrer uma elevada distância em caso de emergência” e “não serve os interesses” dos seus cidadãos.
Os deputados municipais pedem uma “avaliação técnica que suporte a posterior decisão relativa à localização mais adequada” e que seja estudada a hipótese de construir o novo hospital junto ao nó de Pero Negro/Enxara dos Cavaleiros da Autoestrada A8, “para servir os concelhos de Mafra, Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos e, possivelmente, Lourinhã, totalizando 250 mil utentes”.
Na moção, a assembleia municipal alerta que o “município de Mafra não foi consultado ou ouvido sobre a matéria por qualquer entidade ligada ao Ministério da Saúde” e apenas foi interrogado no âmbito do estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste à Universidade Nova de Lisboa.
O estudo, que aponta o Bombarral como a localização ideal, teve apenas em conta as oito freguesias do concelho de Mafra que são servidas pela atual unidade de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste.
No documento, os autarcas lembram que Mafra é o concelho com maior número de habitantes entre os que são servidos pelo Centro Hospitalar do Oeste (CHO), tendo passado, nas últimas duas décadas, de 50.000 para 90.000, acrescidos de mais 10.000 que não estão recenseados neste concelho do distrito de Lisboa.
“Pese embora este crescimento demográfico, na área da saúde a resposta aos munícipes não tem correspondido às necessidades”, sublinha a moção, apontando como causas a divisão dos doentes entre o CHO e o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e os constrangimentos hospitalares relacionados com a falta de recursos humanos.
A moção foi aprovada por maioria, com o deputado da CDU a votar contra “para não atrasar o processo” de decisão do Ministério da Saúde e considerando que a escolha da localização deve ser assente em “critérios técnicos e não disputas políticas”.
A moção vai ser enviada ao ministro da Saúde, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Assembleia da República e assembleias municipais da área de influência do CHO: Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche (distrito de Leiria), Cadaval, Lourinhã e Torres Vedras (distrito de Lisboa).
LUSA/HN
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