Rosário Sepúlveda foi ouvida esta manhã na comissão parlamentar de Saúde, a requerimento do Chega, sobre as demissões ocorridas no hospital em 01 de março.
Na audição, a responsável começou por explicar que os chefes de equipa demissionários “mantêm-se no hospital e a trabalhar”, frisando a necessidade de “agradecer e reconhecer o empenho e dedicação” destes profissionais.
Segundo Rosário Sepúlveda , eles são os “responsáveis pela garantia da prestação de cuidados de saúde à população” que é servida “em contexto diferente daquele a que estavam habituados”, já que o hospital deixou de ser gerido em Parceria Público Privada (PPP) em 18 de janeiro de 2022, passando para a esfera do Estado.
Em 01 de março deste ano, 11 chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral apresentaram a demissão devido à falta de condições, que dizem pôr em causa a segurança dos doentes e dos profissionais.
Segundo a carta de demissão a que a Lusa teve então acesso, os médicos alertavam para a degradação do serviço, lembrando que já tinham sido lançados vários avisos sobre a situação.
Na carta, os profissionais sublinhavam também “a escassez de recursos humanos” que leva a que o hospital viva “os piores momentos da sua história”, não conseguindo garantir “a prestação de cuidados de excelência ao doente”.
Hoje, no parlamento, a presidente do conselho de administração recordou que “herdou um quadro” e que teve de “continuar a assumir a gestão do hospital” com os contratos que “existiam e foram mantidos”.
A responsável lembrou também que a saída de vários profissionais, nomeadamente em anestesiologia, foi anterior a 19 de janeiro de 2022 e que, atualmente, está em fase de contratualização de recém-especialistas.
Rosário Sepúlveda adiantou ainda que, quanto a novos projetos, há dois específicos, relativos à área da endocrinologia e na área da Saúde Mental da Comunidade, “áreas que a PPP, decorrentes do próprio modelo de gestão e do contrato que existia, não podia desenvolver”.
Respondendo aos deputados da comissão de Saúde, Rosário Sepúlveda considerou que o hospital devia “ser para doentes agudos”, mas reconheceu que a unidade hospitalar dá resposta ao nível dos cuidados de saúde primários “que a população não tem”, situação que leva a que recorra “de forma normal, mas não desejável, ao serviço de urgência”.
“Tudo condiciona um serviço de urgência dimensionado para atender determinado tipo de população, mas que tem de atender outra”, sublinhou, aludindo a que a área de abrangência do hospital, no distrito de Lisboa, “tem muitos casos de apoio a idosos”.
Por isso, disse, irá ser implementada, sempre que possível, a hospitalização domiciliária em lares que já foram identificados como os “mais problemáticos” ou que levam mais utentes às urgências.
Em relação à urgência pediátrica, que atualmente está encerrada ao fim de semana e à noite durante a semana, a responsável considerou que “de alguma forma as populações [servidas pelo hospital] ajustaram a procura ao período de abertura da mesma”.
LUSA/HN
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