Em entrevista ao HealthNews, Joaquín Merino, Head of Portugal for Exeltis, recusa que o vírus SARS-CoV-2 tenha passado à história, defendendo que a BIMERVAX vem servir como reforço da imunidade. “É a primeira vacina recombinante a ser desenvolvida 100% na União Europeia”, sublinha.
HealthNews (HN)- Qual o papel da Exeltis neste processo de introdução no mercado português de produtos da HIPRA?
Joaquín Merino (JM)- A Exeltis exerce a sua atividade em Portugal desde setembro de 2019. Ao longo destes quatro anos, temos conseguido estabelecer laços com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e criado uma relação de proximidade com as principais unidades hospitalares do país. Neste momento, temos capacidade instalada no país que nos dá a capacidade de fornecer os nossos produtos num espaço de máximo de 24 horas.
Relativamente às vacinas, o nosso grupo tem também vasta experiência nesta área. Foi por este motivo que foi estabelecido o acordo de colaboração entre a farmacêutica biotecnológica HIPRA, que desenvolveu esta vacina, e o grupo Insud Pharma, do qual fazemos parte. O papel da Exeltis será o de acelerar facilitar o acesso à nova vacina contra a Covid-19.
HN- Mas a Covid-19 não passou já à história?
JM- Infelizmente não. O SARS-CoV-2 veio para ficar. Infelizmente continuamos a registar casos e mortes devido à Covid-19. Embora grande parte da população esteja protegida, graças às campanhas intensivas de vacinação, o vírus continua a circular e a sofrer mutações. Está provado que a imunidade adquirida pelas vacinas vai diminuindo com o tempo. Portanto, é preciso continuar a manter a população protegida com doses de reforço, sobretudo nos casos em que há risco elevado de doença grave. Essa é aliás a recomendação da Organização Mundial da Saúde, pelo que continuará a ser necessário assegurar não só o desenvolvimento de novas vacinas, como a sua disponibilização em número suficiente para dar resposta às necessidades dos vários países.
HN- Quais as vantagens desta vacina comparativamente com as atuais disponíveis no mercado?
JM- A BIMERVAX é uma vacina de nova geração, com vários fatores que a diferenciam relativamente a outras vacinas. Esta vacina é bivalente com adjuvante que contém uma proteína recombinante baseada nas variantes Beta e Alfa do SARS-CoV-2 e que tem indicação como dose de reforço para maiores de 16 anos. A BIMERVAX é a primeira vacina recombinante a ser desenvolvida 100% na União Europeia.
Esta vacina apresenta ainda outras vantagens a nível logístico, pois consegue ser armazenada em temperatura refrigerada entre os 2ºC e os 8ºC, facilitando o seu armazenamento e a sua distribuição. Além do mais, é uma vacina “pronta para uso”, ou seja, não é necessário reconstruí-la antes da sua utilização. Isso facilita em muito o trabalho dos profissionais de saúde, ganhando-se tempo e diminuindo-se o desperdício.
HN- Ensaios clínicos revelam ainda que se trata de uma “vacina segura e de baixa reatividade”. A BIMERVAX provoca menos reações adversas quando comparada às vacinas de mRNA?
JM- Sim. Os estudos indicaram efetivamente um baixo nível de reações adversas, ou seja, tem uma baixa reatividade.
No entanto, como qualquer outra vacina para uso humano, a BIMERVAX pode provocar alguns efeitos secundários. Os sintomas geralmente observados passam num prazo de um a três dias após a vacinação. As reações leves que têm sido observadas mais frequentemente são: dor no braço, dores de cabeça, dores musculares e cansaço. De qualquer forma, sempre a um nível muito ligeiro.
HN- Foi estabelecido um contrato entre a HIPRA e a União Europeia para a disponibilização de vacinas. De quantas doses estamos a falar?
JM- A HIPRA tem uma capacidade de produção de 600 milhões de doses por ano. De facto, já se encontram em stock as doses para poder disponibilizar a BIMERVAX aos países que dela necessitem. De qualquer forma, no caso de ser necessário aumentar o número de doses a produzir, a HIPRA tem essa capacidade.
Na Europa, a farmacêutica biotecnológica HIPRA assinou um acordo de aquisição conjunta para que 13 estados-membros da União Europeia tenham acesso à vacina BIMERVAX. Naturalmente que esse acordo pressupõe que há capacidade para o seu fornecimento.
HN- O lote de vacinas contratualizado com a UE também inclui uma quota para Portugal?
JM- Sim. O mercado português é um dos que está incluído nesse acordo.
HN- E qual é a expectativa da penetração no mercado português?
JM- O número de doses vai depender da necessidade que Portugal tiver. Teremos capacidade para dar resposta às necessidades do país.
HN- Existem outras áreas da saúde humana em que se pretendam introduzir novos fármacos? Está prevista a colaboração entre a HIPRA e a Exeltis noutras áreas que não apenas a Covid-19?
JM- Para já, o acordo que existe está unicamente relacionado com a vacina da Covid-19. É claro que a colaboração até agora estabelecida mostra como a Exeltis tem uma presença importante no mercado português, assim como também o seu histórico sobre o desenvolvimento e comercialização de novos medicamentos em Portugal. Esta parceira neste momento está centrada nesta nova vacina, mas nunca podemos fechar a porta a novas parcerias que sejam vantajosas para todos.
HN- Uma nota final.
JM- Para nós este acordo representa um grande desafio, o qual nos permite, ao mesmo tempo, ajudar toda a população portuguesa. Queremos que Portugal tenha acesso a uma vacina excelente, como é a BIMERVAX, porque acreditamos na qualidade e na mais-valia que representa para quem dela puder beneficiar.
Entrevista de Vaishaly Camões
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