De deusa do caos a subvariante da Ómicron. A Éris explicada por Filipe Froes

19 de Agosto 2023

Com a EG.5, ou Éris, o número de casos de Covid-19 disparou em Portugal. O HealthNews questionou Filipe Froes sobre esta subvariante da Ómicron e o pneumologista falou ainda do que está por vir: vamos continuar a ter variantes com maior gravidade, e a ter de monitorizar e adaptar as vacinas.

Monitorização contínua, adaptação vacinal às novas variantes e determinação dos grupos de risco alvo foram as medidas essenciais apontadas por Filipe Froes, não só para enfrentar a subvariante atualmente dominante, mas para atuais e futuras mutações, porque “o SARS-CoV-2 veio para ficar”.

De deusa grega do caos e planeta anão do sistema solar a subvariante da Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, a Éris já é responsável pela maioria das infeções em Portugal. Explica o diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente que “todos os dados apontam para não haver um acréscimo de gravidade”; mas alerta para o aumento do número absoluto de infeções e a proteção que a vacina e a imunidade híbrida ainda conferem. Ou seja, “podemos ter uma má aferição do verdadeiro impacto da gravidade desta variante”. “Progressivamente, à medida que as pessoas forem perdendo esta imunidade, temos uma melhor noção do verdadeiro impacto da gravidade das variantes.”

Para já, o pneumologista considera que, tendo grande parte da população sido anteriormente vacinada ou infetada, provavelmente as próximas vacinas poderão ser canalizadas para os grupos de risco. “Contudo, para o ano, e em face das mutações e da evolução do SARS-CoV-2, estas decisões têm que ser ajustadas”, frisa Filipe Froes.

Com a EG.5, que deriva da subvariante XBB.1.9.2, os casos de Covid-19 estão a aumentar “pela conjugação de três grandes fatores” explicados por Filipe Froes: “uma mutação na proteína spike que aumenta a facilidade de ligação ao recetor ACE2, que aumenta as condições de transmissibilidade”; “uma menor defesa imunológica da população fruto das últimas vacinas terem sido administradas há mais de oito meses”; e “o fim da pandemia decretado pela OMS, no dia 5 de maio deste ano, pelo regressar à normalidade da vida, que cria condições para a existência de maiores aglomerados que facilitam a transmissibilidade”.

“Isto vem reforçar a importância da monitorização contínua da atividade do vírus SARS-CoV-2, à semelhança do que já é feito com outros, nomeadamente com o vírus influenza e com o vírus sincicial respiratório. Essa vigilância já está a ser feita, mas o que estamos agora a assistir vem reforçar a adequação dessa decisão e vem também relembrar a importância de começarmos a ter que nos vacinar todos os anos”, diz Filipe Froes.

HN/RA

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