“É importante começar o mais cedo possível nesta promoção de hábitos de vida saudável. Daí que este projeto seja destinado a crianças do 1.º ciclo. (…) O que se pretende, com o apoio dos professores, em contexto de sala de aulas, é desenvolver uma série de atividades lúdico-pedagógicas para chamar à atenção para a importância dos hábitos de exposição solar saudáveis”, explicou Cristiana Fonseca do Departamento de Educação para a Saúde da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) – Núcleo Regional do Norte.
Os materiais lúdicos e pedagógicos apresentam o ‘Sr. Escaldão’ como personagem principal, enquanto vilão que todas as crianças querem derrotar, personificando todas as agressões a que sujeitam a pele.
Através destes conteúdos, explicou à Lusa Cristiana Fonseca, são transmitidas “as principais regras” a ter em conta para uma exposição solar saudável – janela horária, qualidade e quantidade – sem desvalorizar a importância do sol.
“Passamos a ideia da janela temporal (11:30 – 16.30) em que nos devemos proteger; a importância de estar atento ao índice ultravioleta para ajustar comportamentos; a importância de, mesmo naquelas janelas temporais, procurar a sombra como aliado; e, por fim, a questão do protetor solar, do vestuário, nomeadamente com proteção UV, dos óculos de sol e do uso de chapéu”, detalhou.
Segundo a LPCC, o cancro da pele é o cancro mais frequente a nível mundial entre as populações de pele predominantemente clara e a sua ocorrência tem aumentado de forma drástica ao longo das últimas décadas.
Este tipo de cancro pode ser detetado precocemente e o principal fator de risco é a exposição aos raios ultravioleta. Portugal regista anualmente cerca de 1.500 novos casos de melanoma maligno, número que, indica a LPCC, tem tendência a aumentar.
“O grande problema – e daí também o nome do projeto ser Sr. Escaldão – é que as pessoas assumem que o escaldão não tem grande mal, que é uma vez por outra, que passada a fase do moreno que estamos mais protegidos. Isso são mitos que temos de clarificar. A verdade é que a nossa pele tem memória e um escaldão na infância ou vários escaldões ao longo da vida, em efeito cumulativo, podem contribuir para desenvolver um cancro no futuro”, advogou Cristiana Fonseca.
Salientando que a não inclusão destes hábitos na infância, torna mais difícil a adoção de comportamentos adequados em idade adulta, aquela responsável refere que 90% dos cancros de pele são causados por exposição excessiva ao sol, sendo que este tipo de cancro pode demorar até 20 anos a desenvolver-se.
“O escaldão que apanhamos na infância, é esse escaldão que pode ser, às vezes, ponto inicial de um cancro que surge 20 anos mais tarde, já na idade adulta”, insiste.
Lançada no mês europeu do Melanoma, a 2.ª edição a campanha “As minhas aventuras contra o Sr. Escaldão” pretende duplicar o número de escolas participantes, depois do primeiro projeto- piloto, em 2022, que envolveu 111 escolas e um universo de 14.405 crianças.
“Diria que por um lado o objetivo é aumentar, duplicando as escolas envolvidas, mas por outro lado diversificar as escolas que se estão a inscrever”, indicou, acrescentando que essa diversificação, atendendo às inscrições que têm neste momento, já está a verificar-se, com “variadas escolas de todo o país a inscrever-se”.
Cristiana Fonseca admitiu ainda que o projeto possa vir a ser alargado a outros graus de ensino – jardim-de infância e 2.º ciclo – matéria que está a ser avaliada.
A campanha nacional – que conta com a chancela da Direção-Geral da Educação (DGE) – vai ser lançada esta quinta-feira, pelas 11:00, na Escola Básica de Matosinhos.
LUSA/HN
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