“É natural que haja algumas perturbações em consultas externas, nos internamentos e nas próprias cirurgias, que não se fazem se não houver um auxiliar”, disse aos jornalistas o coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTPS),Sebastião Santana.
A criação da carreira de técnico auxiliar de saúde, a valorização da carreira de assistente técnico, a aplicação das 35 horas semanais de trabalho a todos os trabalhadores da saúde e a admissão dos efetivos necessários ao Serviço Nacional de Saúde, são algumas das reivindicações desta greve, que arrancou às 00:00 e se prolonga por todo o dia de hoje.
Sebastião Santana, que falava à porta do Hospital Santa Maria, em Lisboa, disse que o Governo apresentou uma proposta “que não concretiza nada de novo e que não assegura, desde logo, (…) a necessidade de todos os trabalhadores que hoje exercem estas funções transitarem para esta carreira sem qualquer tipo de entrave”.
O responsável referiu que há uma reunião agendada com a tutela para o próximo dia 27 e acrescentou: “Pressionámos muito o Governo para apresentar uma proposta e assumir estes compromissos”.
“É isto que estes trabalhadores – que durante o turno da noite já demonstraram em massa e durante este dia é o que vai acontecer – querem: uma carreira digna, que os valorize, também salarialmente, e que não fique ninguém de fora”.
Segundo o coordenador da FNSTPS, corre-se o risco de os trabalhadores que estão hoje a ministrar a formação que vai ser exigida para a integração na carreira (…) não a consigam integrar, porque eles próprios não a têm”.
O responsável explicou que estes trabalhadores estão nas carreiras gerais e que, no caso dos assistentes operacionais – “mais conhecidos como auxiliares de ação médica” –, perderam a carreira em 2009 e pretendem que o Governo satisfaça reivindicações “muito antigas”.
A primeira, explica, é que todos os trabalhadores que fazem o trabalho de auxiliar de ação médica transitem para esta carreira e que “o governo assuma isto de uma forma clara e inequívoca”: “Não é possível um trabalhador com 30 anos de experiência não transitar, por alguma questão burocrática, para esta nova carreira, logo seguido de uma valorização salarial que faça justiça àquilo que é o trabalho que desempenham”.
No que se refere aos assistentes técnicos (administrativos), que são quem faz “todo o trabalho burocrático dos hospitais”, os sindicatos exigem “o cumprimento de um acordo que já foi assinado em 2018”.
“Não se trata de nada de novo, é apenas cumprir aquilo que os hospitais EPE assinaram, entre elas, a questão de maior monta, é a contagem do tempo de serviço, que continua por fazer desde 2018, com prejuízo enorme para estes trabalhadores”, insistiu.
A minha ideia desta greve, acrescentou, é “demonstrar o peso e o descontentamento de um grupo de trabalhadores que, sendo para a maioria das pessoas invisível no setor da saúde, são absolutamente determinantes para a prestação dos cuidados de saúde e para o reforço do Serviço Nacional de Saúde”.
LUSA/HN
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