Horas antes da reunião negocial com a tutela, a FNAM admite ver com bons olhos o alargamento das USF modelo B. No entanto, alertou que se trata de um modelo que “só abrange uma parte dos médicos”, defendendo que “todos os médicos, sejam médicos hospitalares, médicos de saúde pública ou médicos de família, têm de ver a sua remuneração base aumentada”.
Contactada pelo nosso jornal, Joana Bordalo e Sá deixou algumas perguntas no ar sobre o tipo de modelo B que irá existir. “É importante saber que tipo de modelo B é que vai existir porque isso também não nos foi apresentado. Não sabemos se será um modelo tal como existe ou se é um outro com condições piores para os médicos e para os utentes.”
A responsável defendeu que com este modelo não podem existir “penalizações por um médico passar receitas, exames ou análises a mais”.
Sobre o balanço dos 14 meses de negociações e 17 reuniões negociais, a dirigente sindical diz que tem sido uma “negociação fictícia”, pois “passados 434 dias, não tem chegado nenhuma proposta concreta à mesa negocial. No que respeita às grelhas salariais, que é o assunto mais importante neste momento, nada se ter formalizado”.
“O nosso interesse é ter melhores condições para os médicos, de forma a garantir um Serviço Nacional de Saúde capaz de dar resposta. Vemos com preocupação extrema o facto de existirem 1,7 milhões de portugueses sem médico de família, a crise na saúde materno infantil, o problema das urgências e as filas que são feitas por parte dos utentes durante madrugada para conseguir consultas… Parece que estamos num país do terceiro mundo. Parece que temos um SNS a ruir”, lamentou.
Ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá apontou várias críticas sobre a forma como as negociações têm decorrido.
“Do ponto de visto formal, houve vários parâmetros que nunca curam cumpridos. Vimos inúmeras reuniões canceladas na véspera, atas em atraso e umas que nunca chegaram à mesa negocial. Queremos acreditar que se trata de incompetência e não de má fé”, afirmou.
A FNAM voltou a referir que enquanto não existirem propostas concretas por parte do Ministério da Saúde, a greve anunciada para os dias 05 e 06 de julho será mantida.
“Vamos manter porque queremos alcançar o nosso objetivo de ter melhores condições para os médicos. É a segunda greve que realizamos este ano. Em março conseguimos com que algumas questões não fossem para frente, nomeadamente a possibilidade de alargar a idade dos médicos para deixar de fazer trabalho noturno nas urgências. Na altura, também nos mostramos contra o aumento da lista de utentes por médico de família. Felizmente, Governo recuou e conseguimos com que estas medidas não avançassem”, apontou.
As expectativas sobre o fim do processo são “baixas”. Joana Bordalo e Sá admitiu que “se a tutela mantiver esta atitude que teve ao longo dos 14 meses, não podemos contar que nos seja apresentado um documento digno para os médicos e o Serviço Nacional de Saúde. De qualquer forma, a esperança é a ultima a morrer e esperamos que o Ministério tenha o bom senso de fazer algo pelo SNS”.
HN/Vaishaly Camões
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