INE indica que despesa corrente em saúde aumentou 6,3% em 2022

4 de Julho 2023

A despesa corrente em saúde aumentou 6,3% no ano passado, segundo os dados preliminares esta terça-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostram que esta despesa cresceu a um ritmo inferior ao do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo os dados, estima-se que a despesa corrente em saúde tenha chegado aos 25.417,7 milhões de euros (2.474 euros per capita). O peso da despesa corrente no PIB (10,6%) manteve-se superior ao registado na pré-pandemia (9,5% em 2019).

A continuação da recuperação da atividade dos prestadores públicos e privados nas áreas não covid-19 iniciada em 2021 “contribuiu para o aumento da despesa corrente nesse ano”, segundo o INE, que sublinha que os efeitos da pandemia persistiram em 2022, mas com impacto inferior na despesa corrente relativamente a 2020 e 2021.

Os dados divulgados hoje atualizam os resultados para os anos 2020 e 2021 publicados em julho do ano passado, integrando nova informação.

Os valores divulgados neste destaque são finais para o ano 2020, provisórios para 2021 e preliminares para 2022, tendo sido compilados com base em informação disponível até ao final de abril de 2023, explica o INE.

Em 2021, a despesa corrente em saúde tinha registado um aumento recorde de 13,1%, totalizando 23.915,7 milhões de euros (11,1% do PIB e 2.324,6 euros per capita).

Esta evolução, explica o INE, “refletiu o aumento da despesa associada ao combate à pandemia e à retoma da atividade assistencial dos prestadores públicos e privados”.

A despesa corrente em saúde cresceu, em termos nominais, menos do que o PIB (-5,1 p.p.) em 2022, contrariamente ao que sucedeu no ano anterior (+6,0 p.p. do que o PIB), uma situação que não se verificava desde 2017.

Em 2021, o peso da despesa corrente pública na despesa corrente diminuiu para 65,6% (-1,0 p.p. face a 2020).

Para 2022, o INE estima um “ligeiro aumento” da importância relativa da despesa corrente pública (+0,2 p.p.), mantendo-se num nível mais elevado ao registado no ano pré-pandemia (63,6% em 2019).

Segundo o INE, no ano passado a despesa corrente pública terá crescido 6,6%, refletindo o aumento do consumo intermédio (testes covid-19, comparticipação de medicamentos e de meios complementares de diagnóstico, consumo de produtos farmacêuticos e outros) e dos custos com pessoal dos prestadores públicos.

De acordo com os dados disponíveis, no ano passado a atividade assistencial dos hospitais públicos recuperou para níveis superiores a 2019, principalmente na realização de consultas médicas e cirurgias. A despesa associada ao combate à pandemia persistiu em 2022, mas foi inferior à observada nos dois anos anteriores.

A despesa corrente privada também aumentou em 2022 (+5,7%) devido à continuação da recuperação da atividade assistencial dos prestadores privados, nomeadamente dos hospitais, dos prestadores de cuidados em ambulatório e das farmácias.

Os números relativos a 2021 indicam que a despesa dos prestadores públicos de cuidados de saúde em ambulatório cresceu 30,4% – reforçando o seu peso relativo na estrutura da despesa corrente (+1,1 p.p.) -, uma situação para a qual contribuíram o aumento do consumo intermédio associado a produtos necessários ao processo de vacinação (vacinas, agulhas, seringas).

O aumento da prestação de serviços em consultórios médicos e de medicina dentária e em clínicas médicas com várias especialidades refletiu-se no aumento da despesa dos prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório (+20,3%).

Por sua vez, a despesa em hospitais privados aumentou 16,7% devido à recuperação da sua atividade assistencial.

Além destes prestadores, em 2021, também se destacou o aumento de 40,2% da despesa dos prestadores privados de serviços auxiliares (que incluem os laboratórios médicos e de diagnóstico) devido ao aumento da testagem à covid-19.

O INE sublinha igualmente que, em 2021, a despesa do SNS e dos Serviços Regionais de Saúde da Madeira e Açores aumentou 11,3% devido, principalmente, ao reforço do financiamento dos prestadores de cuidados de saúde em ambulatório, públicos (+34,5%) e privados (+15,9%).

No caso dos prestadores públicos foi necessário suportar custos adicionais em remunerações e consumo intermédio devido ao processo de vacinação covid-19.

No mesmo ano, também aumentou o financiamento aos prestadores privados convencionados que prestam serviços nas áreas dos meios complementares de diagnóstico e da medicina física e de reabilitação.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS da Cova da Beira celebra 15 anos com mais de 220 nascimentos através de Procriação Medicamente Assistida

O Serviço de Medicina Reprodutiva da Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira assinala este domingo 15 anos de atividade, tendo realizado tratamentos que resultaram no nascimento de mais de 220 bebés. Esta é a única estrutura do setor público localizada no interior de Portugal com capacidade para oferecer uma resposta integrada e completa em todas as valências da Procriação Medicamente Assistida (PMA).

Rafaela Rosário: “A literacia em saúde organizacional pode ser muito relevante para promover a saúde em crianças”

No II Encontro de Literacia em Saúde em Viana do Castelo, a investigadora Rafaela Rosário apresentou os resultados de um estudo pioneiro desenvolvido em escolas TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, instituições localizadas em contextos socioeconomicamente vulneráveis que recebem apoio específico do governo para combater o insucesso escolar e a exclusão social. A investigação demonstrou como uma abordagem organizacional, envolvendo professores, famílias e a própria comunidade escolar, conseguiu reverter indicadores de obesidade infantil e melhorar hábitos de saúde através de intervenções estruturadas nestes contextos desfavorecidos

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana.

Vírus respiratórios antecipam época de maior risco para grupos vulneráveis

Especialistas alertam para o aumento precoce de casos de rinovírus, adenovírus e VSR, que afetam sobretudo idosos e doentes crónicos. A antecipação da vacinação contra a gripe e a adoção de medidas preventivas simples surgem como estratégias determinantes para reduzir complicações e evitar a sobrecarga dos serviços de urgência durante o pico epidémico.

Sword Health assume liderança do consórcio de inteligência artificial do PRR

A Sword Health é a nova entidade coordenadora do Center for Responsible AI, um consórcio financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, substituindo a Unbabel. A startup afirma ser atualmente a que mais investe no projeto, com uma taxa de execução de 76% a oito meses do prazo final. O cofundador, André Eiras, adianta que a transição, já aprovada pelo IAPMEI, confere à tecnológica portuguesa maior responsabilidade na liderança de projetos das Agendas Mobilizadoras

Consórcio de IA atinge 80% de execução com 19 produtos em desenvolvimento

O consórcio Center for Responsible AI, liderado pela Sword Health, revela que 80% do projeto financiado pelo PRR está executado, restando oito meses para concluir os 19 produtos em saúde, turismo e retalho. Investimento realizado supera os 60 milhões de euros, com expectativa de gerar mais de 50 milhões em receitas até 2027.

Montenegro confiante na ministra da Saúde apesar de partos em ambulâncias

O primeiro-ministro manifestou-se incomodado com a ocorrência de partos em ambulâncias, um problema que exige uma análise sistematizada. Luís Montenegro garantiu, no entanto, confiança total na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e afastou qualquer ligação destes casos a ineficiências do SNS. O executivo promete empenho no reforço dos serviços de urgência e da acompanhamento obstétrico

INSA reclama atualização de estatutos para travar “disfuncionalidade organizacional”

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Fernando de Almeida, apelou hoje, na presença da ministra da Saúde, para uma revisão urgente dos estatutos e do modelo de financiamento da instituição. Considera que o quadro legal, inalterado desde 2012, está desatualizado e compromete a capacidade de resposta em saúde pública, uma situação apenas colmatada pelo “esforço coletivo” dos profissionais, como demonstrado durante a pandemia

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights