Montenegro manifesta dúvidas sobre integração de médicos cubanos

6 de Julho 2023

O presidente do PSD manifestou na quarta-feira dúvidas sobre as condições de contratação de 300 médicos cubanos para o SNS ontem noticiada, considerando que “não parecem” dignificar estes profissionais e garantir a sua integração em Portugal.

No final de uma reunião com as ordens profissionais do setor da saúde, Luís Montenegro foi questionado sobre uma notícia do Jornal de Notícias, segundo a qual que o Governo português está a preparar a contratação de 300 médicos cubanos para o Serviço Nacional de Saúde, tendo já pedido parecer sobre o processo de reconhecimento de qualificações ao Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e à Ordem dos Médicos.

O presidente do PSD começou por salientar que a sua direção tem defendido que o país precisa de “atrair, acolher e integrar mão-de-obra mais ou menos qualificada nos vários setores de atividades”, pelo que, de forma genérica, compreenderia essa opção do Governo.

“Se, em concreto, nos questionar a propósito das condições subjacentes à contratação desses 300 profissionais, não achamos – do que foi conhecido do contexto do acordo celebrado – que dignifique suficientemente essas pessoas, e tememos que o resultado possa não ser o esperado: ficarem muitos anos no SNS em Portugal”, salvaguardou.

Montenegro disse que este assunto não foi tratado na reunião – depois de o bastonário da Ordem dos Médicos já se ter manifestado publicamente apreensivo com estas contratações – e reafirmou a posição de princípio do PSD sobre a matéria.

“O que nós defendemos é que o país tem de abrir as suas portas para acolher as pessoas que são necessárias para preencher lacunas de recursos humanos que temos nos variados setores de atividade e também no setor da saúde. Mas isso deve ser feito com dignidade, de forma regulada e assegurando a estes profissionais que têm boas condições de acolhimento e de integração”, afirmou.

“As condições subjacentes a esta contratação não nos parecem garantir isto”, reiterou.

Após a reunião, que se estendeu por cerca de duas horas com as Ordens profissionais dos médicos, médicos-dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas, Luís Montenegro quis deixar uma mensagem aos profissionais do setor.

“É uma oportunidade de vos poder transmitir o apreço no PSD por todos os profissionais de saúde, cujo empenho e dedicação estão na base de muitas das respostas que o SNS oferece aos portugueses, apesar do contexto de grande dificuldade e exiguidade de meios”, elogiou.

Na reunião, afirmou que lhe foi transmitido “um sentimento de frustração” pelos muitos profissionais do setor que estão a sair de Portugal.

“Se não tivermos capacidade, nos próximos anos, de reter e atrair profissionais de saúde, se não conseguirmos motivar estes profissionais, não vamos conseguir garantir o que a Constituição determina para a generalidade dos cidadãos”, avisou.

Esta reunião, que decorreu na sede nacional do PSD em Lisboa, encerra o terceiro de quatro dias de iniciativas do PSD dedicadas à saúde, que culminam com um debate no parlamento.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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