Grupo de ciclistas pedala 5.000 km para cativar pessoas com deficiência para vida ativa

21 de Julho 2023

Um grupo de ciclistas espanhóis iniciou no sábado em Vigo, Espanha, uma ‘volta’ de cinco mil quilómetros pela Península Ibérica para sensibilizar pessoas com deficiência para a vida ativa, oferecendo como exemplo a sua resiliência perante a adversidade.

Pablo, Ivan, Chema e Laura têm em comum o facto de lidar ou com deficiência ou doença grave e “oferecem” o seu exemplo em cada paragem do percurso em que são acompanhados por quatro ‘pilotos’, os guias na aventura ao pedal por Portugal e Espanha e que só deverá estar cumprida a 26 de setembro, quando regressarem a Vigo, contou à Lusa Javier Pitillas, um dos guias.

Na base desta viagem em bicicletas tandem está a associação espanhola DisCamino. Criada em agosto de 2009, para além de várias outras atividades regulares, ajuda a facilitar o percurso dos Caminhos de Santiago a pessoas com deficiência.

Desde sábado, o grupo já pedalou na direção de Caminha, Viana do Castelo, Póvoa de Varzim, Porto, Espinho, Aveiro, Mira, Figueira da Foz e Nazaré, num percurso nacional que terminará em 29 de julho quando rumarem de Santa Luzia, no Algarve, para Aiamonte, em solo espanhol.

“Desta vez, a volta à Península Ibérica foi preparada a pensar no Ivan, que tirou o curso de treinador, mas que depois foi surpreendido com a notícia de que tem um tumor cerebral, pelo que este é o caminho da sua vida e o desafio que lhe prometemos”, testemunhou à Lusa Pitillas, também responsável da associação.

Mas há “um objetivo mais abrangente”, prosseguiu o porta-voz do grupo de ciclistas: “sensibilizar as pessoas com deficiência para que não fiquem em casa, para que façam atividade física”, dando-lhes como exemplo o que “estes ciclistas em bicicletas tandem estão a cumprir” pelas estradas ibéricas.

E a cada paragem, contou, tem havido “abordagens de populares, de pessoas que querem saber o motivo da viagem, mas não só”.

“Na Figueira da Foz, a presidente da delegação centro da Associação Spina Bífida e Hidrocefalia de Portugal, Cláudia Carvalheiro, teve a oportunidade de andar pela primeira vez numa bicicleta movida com as mãos e gostou muito”, explicou Javier Pitillas.

À Lusa, a dirigente da associação portuguesa confirmou o episódio, elogiou o projeto e revelou que será uma “experiência a repetir logo que possível”, com o espanhol a antecipar que “poderá ser já em 2024, quando voltarem a passar pela Figueira da Foz”.

Para cumprir os cinco mil quilómetros, os ciclistas contam com apoio de associações parceiras nos dois países, mas foi, sobretudo, a autarquias que foi lançado o repto para ajudar nas pernoitas, revelou o dirigente da DisCamino.

“Dormimos onde é possível, onde nos deixam”, brincou Pitillas explicando depois que, em solo português, “dormiram, até à data, em instalações desportivas e sociais”.

Até 26 de setembro, a participação subirá para 20 pessoas, num percurso em que, garantiu Pitillas, as “bicicletas estarão ao dispor de quem as quiser experimentar”.

LUSA/HN

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