Os primeiros dados avançados pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que convocou uma greve de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, indicam que a adesão chega aos 92% nos centros de saúde e aos 89% nos hospitais
Questionado sobre estes números à margem da inauguração do novo Polo de Saúde de Carcavelos, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou que nunca comenta dados de adesão às greves, “por respeito ao direito que as pessoas têm de fazer greve (…) e por respeito aos muitos que continuam a trabalhar e a atender os seus doentes”.
Sobre quando será apresentada a proposta de revisão da grelha salarial, afirmou que o compromisso assumido na anterior ronda negocial foi que, “com um mínimo de 36 horas de antecedência” da reunião marcada para sexta-feira com os sindicatos, o documento seria entregue, o que acontecerá na quarta-feira.
Manuel Pizarro frisou que estão “muito empenhados” em reforçar o Serviço Nacional de Saúde e deu como exemplo o novo Polo de Saúde de Carcavelos, que foi hoje inaugurado e abre portas aos utentes na segunda-feira “graças ao empenho da Câmara Municipal de Cascais”.
Para o ministro, este é “um belo sinal de reforço” do SNS: “É um sítio onde as pessoas serão acolhidas com grande qualidade e onde os profissionais terão belíssimas condições de trabalho”.
Quando questionado se espera chegar a acordo com os sindicatos na reunião na sexta-feira, o governante disse que “para se dançar o tango ou para haver um acordo tem mesmo que haver pelo menos dois parceiros” e realçou que o Governo tem feito “um grande esforço” para chegar a um entendimento.
“O Ministério da Saúde tem demonstrado uma inquebrantável abertura ao diálogo, porque reconhecemos que o Serviço Nacional de Saúde é muito importante”, sublinhou, salientando o esforço que o Governo fez em matéria de cuidados de saúde primários, ao apresentar uma “proposta clara” para permitir que todas as unidades de cuidados de saúde primários tenham um modelo de remuneração associada ao desempenho, o que significa um aumento médio da remuneração dos profissionais de cerca de 60% “muito acima do que é reivindicado pelos sindicatos”.
“Temos dado passos de evolução e continuaremos a negociação para a clarificação do conceito da dedicação plena” que permita, no caso dos hospitais, “um espaço de entendimento”, disse.
“O que está em causa é evidentemente melhorar as condições dos profissionais, mas a preocupação dominante do Ministro da Saúde tem de ser, como é que isso se reflete em melhor atendimento para os cidadãos”, acrescentou.
Instado a comentar números divulgados pela imprensa que dão conta que 70.000 consultas com médicos de família serão afetadas por causa da greve às horas extraordinárias, o ministro reafirmou que não comenta números dos sindicatos sobre a adesão e o impacto da greve.
Mas, acrescentou, “ao contrário do que acontece nos hospitais, em que as urgências estão muito dependentes da prestação de horas extraordinárias, nos cuidados de saúde primários os serviços dependem pouco da prestação de horas extraordinárias”, estimando por isso que o impacto “não seja muito significativo”.
Relativamente à greve marcada pela Federação Nacional dos Médicos para os 01 e 02 de agosto, disse estar preocupado por ocorrer na semana da Jornada Mundial da Juventude, onde são esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas em Lisboa, mas anotou como “fator positivo” o sindicato ter anunciado que “haverá um respeito integral e absoluto dos serviços mínimos”.
“Isto significa que encaro esse tema não com satisfação, mas com tranquilidade”, rematou o ministro da Saúde.
LUSA/HN
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