Idosos polimedicados dispostos a deixar fármacos se recomendado por médico

27 de Julho 2023

Um estudo do CINTESIS da Universidade de Aveiro concluiu que a maioria dos idosos polimedicados, que tomam cinco ou mais medicamentos, estão dispostos a deixar de tomar um ou mais fármacos desde que recomendado pelo médico.

O estudo, publicado na revista científica ‘Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology’, visava avaliar “uma das maiores barreiras à desprescrição” [redução ou suspensão de medicamentos], nomeadamente, a “atitude dos doentes e dos médicos”, afirmou à Lusa a autora da investigação, Anabela Pereira.

O estudo, desenvolvido no âmbito do projeto “Desprescrição no Idoso”, envolveu 192 idosos, com uma idade média de 72 anos, sendo que, 77% são polimedicados e 91,6% tem três ou mais doenças.

A investigação, que teve por base um inquérito, concluiu que 83,3% dos doentes estavam dispostos a deixar de tomar um ou mais medicamentos, mas só se recomendado pelo seu médico.

“Os doentes mais velhos e do sexo feminino são os que apresentam maior abertura e disponibilidade para reduzir a sua medicação diária”, afirmou Anabela Pereira, acrescentando que estas características podem servir para “selecionar os doentes mais propensos” a aceitar a desprescrição.

Apesar da possibilidade de reduzir a medicação diária, 68,8% dos idosos têm receio de perder os efeitos positivos da medicação e 53,6% colocaram resistência em abdicar de fármacos que fazem parte da sua medicação diária há bastantes anos.

“Os médicos devem aproveitar esta oportunidade para falar com os seus doentes sobre a possibilidade de iniciar a desprescrição, ou seja, parar ou reduzir a toma de medicamentos que sejam considerados inapropriados”, acrescentou.

Segundo a investigadora, o objetivo é agora “aprofundar a investigação”, com o intuito de perceber se existe relação entre a disponibilidade e a doença e, consequentemente, medicamento em causa.

Além de Anabela Pereira, o estudo contou com a colaboração de Óscar Ribeiro, do CINTESIS da Universidade de Aveiro e do Laboratório Associado RISE, e de Manuel Veríssimo, professor da Universidade de Coimbra.

LUSA/HN

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