“Aquilo que nos foi entregue é absolutamente indigno. O que nós perguntamos é onde é que está a competência, onde é que está a boa-fé. O que nós achamos é que se calhar não existe. De facto, há falta de competência e, de facto, há má-fé por parte do Ministério da Saúde”, disse Joana Bordalo e Sá, em declarações ao HealthNews, depois de entregar o documento.
A presidente da FNAM referiu que, “ao fim de 15 meses”, os médicos receberam do Governo uma proposta de aumento salarial de apenas 1,6% e com “perda de condições para os médicos exercerem a profissão e que prejudica os doentes”.
“Continuarmos a fazer 18 horas de urgência em vez de 12. Como é que os médicos vão fazer as suas consultas e as cirurgias de que os utentes tanto precisam? Obrigarem-nos a trabalhar mais quatro meses que o resto dos profissionais, por ano, porque continuamos a fazer 40 horas de trabalho e não as 35 (…) ou porque nos aumentam as horas extra para 300, em vez de serem as atuais 150”, explicou.
“Na nossa contraproposta, explicamos que há direitos que nós temos de manter, porque numa negociação nós estamos numa linha e queremos ir dali para cima e não dali para baixo. No fundo, isto é uma súmula, onde nós analisamos o que é que os médicos têm hoje em dia, aquilo que eles nos estão a propor e aquilo que a Federação Nacional dos Médicos propõe, baseado em todas as propostas que fomos entregando ao longo destes meses”, continuou.
Neste momento, “não podemos prolongar isto muito mais”, e é por isso que a FNAM quer um mediador externo e independente, “para ajudar a resolver este impasse, para ver se as posições se aproximam, se o Ministério da Saúde deixa de ser tão radical e ouve os médicos de uma vez por todas, para podermos estar no Serviço Nacional de Saúde”, frisou Joana Bordalo e Sá. Deverá ser “um mediador que esteja com o Serviço Nacional de Saúde e não com o Orçamento do Estado”.
Hoje, no primeiro dia da greve convocada pela FNAM, a adesão foi de 95%, com blocos operatórios encerrados a 100%, grande adesão nas consultas externas dos hospitais e também a nível dos cuidados de saúde primários. “Mesmo nas USF modelo B houve centros de saúde com adesão a 100%.”
HN/RA
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