Numa altura em que os sindicatos médicos continuam a negociar aumentos salariais com o Ministério da Saúde, o economista ligado à Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGPT) revisitou alguns dados da OCDE e verificou uma perda significativa do poder de compra dos médicos portugueses e uma disparidade na remuneração quando comparada com outros países europeus.
Portugal é um dos países europeus que menos paga aos médicos
A degradação das remunerações dos médicos em Portugal suscitaram várias críticas por parte do analista. Os dados revelam que as remunerações pagas aos médicos portugueses são, na generalidade, muito inferiores às pagas em outros países da Europa.
Segundo a OCDE, entre 2010 e 2022, a remuneração média anual em Portugal dos médicos de clínica geral diminuiu de 67 463 dólares (61 417,30 euros) para apenas 43 641 dólares (39 730,11 euros). Relativamente aos médicos especialistas, a remuneração diminuiu também de 62 238 dólares (56 660,54 euros) para 45 225 dólares (41 172,16 euros).
Os valores de Portugal são apenas superiores aos pagos em países da América Latina. Aos olhos de Eugénio Rosa, está é uma das razões que explica de forma “clara” a intenção do governo de contratar médicos em países da América do Sul, pois trata-se de uma estratégia para “continuar a pagar baixos salários aos médicos.”
Subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde
De acordo com o economista, os dados do Ministério das Finanças de julho de 2023 revelam o elevado subfinanciamento do SNS.
Entre as conclusões, o analista chama a atenção para o valor executado até agora. Dos 753,4 milhões de euros de investimento previstos no Orçamento de Estado para 2023, apenas 101,8 milhões foram executados no primeiro semestre. Ou seja, 13,5% do total previsto.
“É evidente que a maior parte do investimento inscrito no Orçamento do SNS para 2023 não será realizado. São apenas números no papel para enganar a opinião pública e para serem utilizados na propaganda do governo”, afirmou.
Dívida do SNS a fornecedores privados
Eugénio Rosa revisitou ainda dados divulgados no Portal da transparecia que mostra o aumento da divida do SNS a fornecedores privados entre dezembro de 2022 e maio de 2023.
No final do ano passado, a dívida era de 1618 milhões de euros, tendo este valor aumentado para 1949 milhões em maio de 2023.
“Fica claro, com base nos dados oficiais que o governo, e nomeadamente Pizarro, mentem quando afirmam que o SNS dispõe dos meios financeiros suficientes para poder funcionar normalmente”, apontou o economista.
HN/Vaishaly Camões
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