“Prezamos e queremos desenvolver e aprofundar a dimensão internacionalista da luta pela ideia generosa de que, para assegurar Serviços Nacionais de Saúde, a primeira medida terá de ser cuidar e defender a qualidade da carreira médica, as suas condições de trabalho, a justa valorização salarial e a sua perspetiva de futuro”, lê-se num comunicado divulgado hoje pela comissão executiva da FNAM.
A Associação Médica de Moçambique (AMM) reúne-se este domingo em assembleia-geral, em Maputo, para decidir sobre a prorrogação para um terceiro período, novamente de 21 dias, da greve da classe, em que criticam a nova tabela salarial na função pública, com cortes nas remunerações, exigindo, entre outras reivindicações, melhores condições no sistema nacional de saúde.
Paralelamente, várias dezenas destes profissionais já saíram à rua, em protesto, em Maputo e na província de Sofala, este mês.
“Tal como em Portugal, os médicos em Moçambique estão em greve e em luta por melhores condições de trabalho, aumento de salário, bem como o pagamento de horas extraordinárias devidas pelo Estado. Defendem igualmente a ideia de haver um Serviço Nacional de Saúde acessível a todos os cidadãos e de qualidade”, recorda o comunicado da FNAM, sublinhando que segundo a AMM trata-se de uma “luta” que “é pelo Serviço Nacional de Saúde”.
“Face à coragem dos médicos em luta em condições particularmente difíceis, a FNAM fez chegar a sua solidariedade, algo que também fizemos relativamente à luta dos médicos britânicos na defesa do National Health Service (SNS)”, explica ainda.
A AMM ameaçou na quarta-feira paralisar as atividades de assistência mínima, acusando o Governo de intimidação e falta de abertura para o diálogo.
“Face a este posicionamento do nosso Governo em optar por intimidações, furtar-se ao diálogo e não cumprir com os compromissos, nós informamos que a classe médica reserva-se o direito de cancelar as suas cedências (…). Nenhum médico voltará ao trabalho e o Governo terá que contratar mais de 1.500 médicos”, disse o presidente da AMM, Milton Tatia, numa conferência de imprensa em Maputo.
No dia anterior, o Conselho de Ministros considerou que as principais exigências da classe não encontram enquadramento na lei, não descartando a possibilidade de afastar os médicos que insistirem no protesto, principalmente os profissionais que estão nas categorias de especialização e nomeação provisória.
“No geral, o que se coloca é que o médico reclama que devia ser pago quatro vezes mais nas suas horas extras em relação a qualquer outro funcionário (…). Bom, convenhamos, isto é relativamente estranho e diferenciador (…). Já agora é ilegal”, declarou à comunicação social Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo, após uma sessão do Conselho de Ministros na terça-feira.
LUSA/HN
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