Em declarações à agência Lusa, via telefone, Manuel José Soares, membro da Comissão de Utentes da Saúde, explicou que, das cerca de uma centena de extensões de saúde existentes na região, “umas têm pura e simplesmente encerrado, outras têm ficado sem cuidados médicos, levando milhares de pessoas com dificuldades de mobilidade ou que não têm transportes públicos a ficarem, de alguma forma, desamparadas”.
A semana em “defesa dos cuidados de saúde de proximidade” arrancará na segunda-feira, com uma vigília, entre as 19:00 e as 21:00, pela colocação de médico em Atalaia, uma das três freguesias rurais do concelho de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém, que, “desde que começou a pandemia, não têm cuidados médicos”, segundo Manuel José Soares.
“Em muitos casos, não ter médico de família é não ter qualquer outro médico para prestar cuidados”, realçou.
A Comissão de Utentes exige a reabertura das unidades de saúde de proximidade em Atalaia, Praia e Limeiras, os três polos da Unidade de Saúde Familiar de Vila Nova da Barquinha que estão fechados, situação que obriga à deslocação à sede “para diligências tão simples como pedir uma receita”.
Esta vigília será a primeira de uma série de ações que vão ser desenvolvidas ao longo da semana, integradas nos 44 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e que incluem reuniões institucionais com as autoridades de saúde locais.
Uma segunda vigília terá lugar no dia 15, na freguesia de Paialvo, em frente à extensão de saúde de Carrazede, no concelho de Tomar.
Em agosto, a Comissão realizou uma vigília, pelo mesmo motivo, na freguesia de Assentiz, no concelho de Torres Novas.
Manuel José Soares realçou que não se trata apenas da falta de médicos de família, mas de “muitos profissionais” de saúde, nomeadamente assistentes técnicos.
Segundo dados do Agrupamento de Centros de Saúde da Região do Médio Tejo, de 31 de agosto, partilhados por Manuel José Soares, a região contabiliza 225.691 utentes, dos quais um terço não tem médico de família.
Esta situação, “que se vem aprofundando, põe em causa um dos princípios da prestação de cuidados de saúde, a proximidade”, denunciou.
“Somos uma zona muito envelhecida, em que a população cada vez precisa mais de cuidados médicos, muitas vezes umbilicalmente ligados a problemas sociais”, descreveu.
As ações culminarão no dia 16, em Santarém, na jornada nacional convocada pelos sindicatos em defesa do reforço do SNS.
Assinalando que é preciso combater a desertificação das aldeias, Manuel José Soares defendeu um maior investimento na saúde pública e na prevenção da doença, considerando que “o SNS é insubstituível”, mas precisa de “reforço de meios humanos”.
LUSA/HN
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