Especialistas analisam novos tratamentos para doenças oncológicas do sangue

26 de Setembro 2023

“Era da Imunoterapia nas doenças oncológicas do sangue” dá o mote à conferência anual da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas, agendada para este sábado, no Porto.

Que novos tratamentos estão a surgir no campo das doenças oncológicas do sangue? E que importância assumem estas novas terapêuticas para doentes, familiares ou para o público em geral? Estes são alguns dos grandes temas em análise na conferência anual da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL), agendada para este sábado, dia 30 de setembro, às 11h00. O evento – que se realiza na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – reúne um conjunto de especialistas para analisar a evolução deste tipo de doenças e perceber qual será o futuro na prevenção, diagnóstico ou tratamento das doenças oncológicas do sangue.

Isabel Barbosa – presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas – tem a seu cargo a sessão de boas-vindas. Segue-se, às 11h10, a intervenção de Herlander Marques – médico oncologista com uma vasta experiência no tratamento de doentes com patologias do sangue e um dos fundadores da APLL –, que irá centrar-se no impacto da imunoterapia neste “admirável mundo novo”. Ao especialista, que moderará a sessão, juntam-se, ainda, Filipa Iglésias, Sérgio Chacim, Mariana Trigo Miranda e Catarina Dantas, médicos que trabalham em serviços de hematologia e que possuem uma grande experiencia na utilização destes novos tratamentos.

“Leucemia Linfocítica Crónica: Promessa ou realidade?” é o tema central da intervenção de Filipa Iglésias, agendada para as 11h30. A leucemia linfocítica crónica (LLC) é a neoplasia hematológica mais frequente no mundo ocidental, correspondendo a 40 por cento das leucemias em doentes com idade superior a 65 anos. Até à década de 90, a quimioterapia era a terapêutica standard, mas, neste período, assiste-se a uma das grandes descobertas científicas: o desenvolvimento de anticorpos monoclonais, que concedeu aos cientistas Milstein e Kohler o Prémio Nobel da Medicina, em 1984.

Além deste enquadramento, a especialista irá explicar que, através do desenvolvimento de novas técnicas moleculares e ensaios clínicos, foi possível uma melhor compreensão da biologia da LLC, o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos e, consequentemente, uma melhoria progressiva da eficácia dos tratamentos. Atualmente, estão disponíveis novas terapêuticas que demonstram ter um impacto preponderante na melhoria da qualidade de vida e sobrevida global dos doentes.

O mieloma múltiplo continua a ser o foco dos grandes avanços científicos, com cada vez mais opções terapêuticas. Mariana Trigo Miranda centrará, por isso, a sua intervenção, agendada para as 12h10, nos princípios da imunoterapia e terapia celular, novos fármacos aprovados para mieloma multiplo com foco nos anticorpos monoclonais, conjugados anticorpo-fármaco, fármacos biespecíficos e terapêutica com células CAR-T. Durante a sessão, Mariana Trigo Miranda irá falar, também, sobre o papel destes fármacos no panorama atual, quais os doentes elegíveis e, ainda, sobre as perspetivas de futuro.

Já Catarina Dantas, que centrará a sua apresentação na leucemia linfoblástica aguda, focar-se-á nas novas terapêuticas de imunoterapia disponíveis para o tratamento e no modo como estas usam o sistema imunológico do doente para ajudar a combater a doença. A especialista abordará, ainda, o papel do transplante de medula óssea.

O tema “Linfomas – Anticorpos Biespecíficos ou Células CAR-T” coloca em confronto duas tecnologias usadas no tratamento dos linfomas particularmente refratários à terapêutica de quimioterapia convencional e apenas aplicadas em casos restritos. Neste caso, os anticorpos biespecíficos são projetados para se ligarem a duas proteínas diferentes, geralmente nas células do linfoma e outra em células particulares do sistema imunológico, capacitando-o a reconhecer e a destruir as células malignas. Esta tecnologia tem a vantagem de ser mais facilmente produzida em grande escala, embora se levantem algumas limitações quanto à sua eficácia.

Já no caso das células CAR-T, falamos de um processo complexo e dispendioso, com a produção personalizada de cada CAR-T individual, por doente. Durante a apresentação, Sérgio Chacim apresentará os principais resultados publicados na literatura para cada tecnologia no tratamento dos doentes com linfoma, explicando o seu mecanismo de atuação e principais toxicidades registadas. O especialista apresentará resultados reais e já publicados, selecionando as opções terapêuticas com base em situações clínicas específicas, atendendo ao tipo específico de linfoma, a sua disponibilidade e caraterísticas individuais do paciente.

Para Isabel Barbosa, presidente da APLL, “esta conferência assume uma relevância acrescida pelo facto de abordar algumas doenças oncológicas do sangue, apresentando, também, novas terapêuticas, um importante fator de esperança para doentes, familiares e público em geral”. E acrescenta: “Apenas em 2022, estima-se que foram diagnosticados cerca de 5.000 novos cancros de sangue. É, por isso, crucial continuarmos a apostar na investigação nesta área”. “Alguns destes novos tratamentos podem ser aplicados a outras patologias e, como tal, estaremos a falar de uma evolução que poderá representar um ponto de viragem e uma nova história de vida para todos”, conclui.

PR/HN

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