“Depois da Covid, estamos a viver uma época muito importante na saúde, porque aos desafios tradicionais, do envelhecimento populacional, a cronicidade das doenças, novas tecnologias, juntaram-se outros problemas, como o aumento das listas de espera, das demoras nos diagnósticos e a falta de profissionais. Estamos a viver um momento com muitos desafios e a opção de não fazer nada já não existe. Tanto os governos como as empresas têm de enfrentar estes desafios procurando soluções. Para mim, este tipo de eventos é muito relevante porque eu diria que vamos caminhar para uma medicina, nos próximos anos, que vai ter três elementos fundamentais”, disse Alberto de Rosa.
Alberto de Rosa referia-se a uma medicina híbrida, colaborativa e de valor. No primeiro ponto, quer isto dizer que “haverá que combinar a presença humana, os profissionais, com a ajuda que a tecnologia e a inteligência artificial nos podem dar para melhorar a assistência aos cidadãos”. Em segundo lugar, colaborativa porque “terão que falar hospitais com cuidados de saúde primários, lares de idosos, setor social; mas também o setor público com o setor privado”. “Temos de procurar entre todos novas soluções do século XXI para estes desafios que temos nestes momentos.”
“Depois, a terceira ideia é uma medicina de valor. Temos de aportar valor aos cidadãos, porque a sociedade de hoje é distinta de há 30 ou 40 anos. Cada vez há mais pessoas idosas, sozinhas, vulneráveis, frágeis, e temos de dar-lhes soluções. Nesse sentido, teremos de personalizar a atenção. Para isso, teremos de medir a situação de cada um (todas as pessoas são distintas) e caminhar para modelos preditivos, modelos populacionais. Mais do que fazer grandes planos para todos, teremos de singularizar os planos”, explicou.
O presidente da Ribera, distinguido na primeira edição dos “Joan Calafat Health Awards” com uma menção honrosa em gestão de saúde, acedeu ao pedido final do HealthNews para falar diretamente aos gestores. Disse-nos: “há duas ou três ideias que, para mim, são fundamentais”.
“A primeira é: estar aberto à mudança. Há que ser inovador e não podemos perante problemas atuais dar respostas de há 40 ou 50 anos. (…) Isto é muito importante porque eu penso que nos próximos 20 anos a saúde vai ter uma grande transformação, com os conceitos de que falei, em direção a uma medicina híbrida, em direção a uma medicina colaborativa, em direção a uma medicina de valor e personalizada. Portanto, que os que começam agora ou os que já estão a trabalhar tenham uma mente aberta à inovação e à transformação, porque vai ser preciso adaptar-se a todos os desafios da sociedade”, referiu.
“A segunda ideia, para mim, é a liderança. O grande desafio é a mudança cultural nos nossos profissionais. Em toda esta saúde que está a viver um momento de mudança e transformação temos de liderar essa mudança e essa transformação. Temos que ter liderança, convencer os nossos profissionais, somar os nossos profissionais de saúde a este processo de mudança. Este processo de mudança, sem os profissionais, será um fracasso. Os profissionais são fundamentais neste processo de mudança. E em terceiro lugar, não esqueçamos nunca que podemos falar de tecnologia, de inteligência artificial, mas este é um setor humanístico. Estamos a falar de pessoas a quem atendemos, e eu gosto de dizer que somos pessoas que servimos pessoas. Os gestores do futuro têm que cuidar dos profissionais em primeiro lugar, para que os profissionais cuidem das pessoas”, concluiu.
O evento Portugal Healthcare Innovation Summit foi organizado pela Bamberg Health, com o apoio institucional da Fundação Bamberg, em formato híbrido – online e no Eurostars Universal Lisbon Hotel.
HN/RA
Análise excelente e contundente de como melhorar a relação entre cuidados médicos. As oportunidades de interação dos nossos profissionais com as novas demandas das nossas comunidades. A incorporação de novas tecnologias para acelerar o diagnóstico e obter maior eficácia e eficiência nos tratamentos. Mais do que nunca, a saúde enfrenta o desafio da atualização. Devemos perguntar-nos se a liderança política está consciente desta situação esmagadora. Parabéns Alberto!