Dizer “enfermeiro” deveria ser fácil, pois esta profissão desempenha um papel fundamental na gestão da saúde dos cidadãos. No entanto, nos últimos tempos parece existir uma dificuldade em reconhecer o papel dos Enfermeiros como os profissionais que unem toda a prestação de cuidados, havendo uma tendência crescente de separar os médicos dos outros profissionais de saúde e incluindo neste grupo, os Enfermeiros.
A Enfermagem é, por direito próprio, uma profissão com um conjunto de competências próprias, mas mais do que isso, uma ciência reconhecida nacional e internacionalmente com capacidade para produzir conhecimento próprio. É, por isso imperativo reconhecer a Enfermagem como uma profissão de proximidade com o paciente, essencial na gestão de saúde, sem a necessidade de criar novas categorias de profissionais de saúde, reconhecendo-lhe capacidades de “task mixing” (mistura de tarefas), entre diferentes profissões, não na procura de esvaziar conteúdo profissional a outros, mas com o intento de melhorar a acessibilidade e a qualidade dos cuidados prestados, sem a sombra do “task shifting” (transferência de tarefas) entre médicos e enfermeiros.
Essa transferência, por pressões financeiras e de pessoal, não apenas comprometeria a qualidade dos cuidados, mas também sobrecarregaria ainda mais os enfermeiros, que já enfrentam riscos e sacrifícios diários. A enfermagem vai além da realização de procedimentos técnicos. Os enfermeiros são os principais cuidadores dos pacientes, fornecendo apoio emocional, educação e coordenação de cuidados, desempenhando um papel crítico na ligação entre os pacientes e outros membros da equipe de saúde.
Por isso mesmo, os enfermeiros enfrentam desafios significativos no seu trabalho diário, lidando com cargas de trabalho pesadas, longas horas de trabalho e exposição a riscos ocupacionais. Durante a pandemia de COVID-19, muitos enfermeiros estiveram na linha de frente, arriscando as suas vidas para salvar outras. Isso destaca a dedicação inabalável e o compromisso desses profissionais com a saúde da comunidade, que não se paga com palmas nas costas ou à janela.
Reconhecer a importância dos enfermeiros não deve ser apenas uma questão de palavras, mas também de ações. O sistema de saúde português necessita de repensar o financiamento das suas instituições, valorizando as atividades de enfermagem e garantindo condições de trabalho adequadas. Investir em enfermagem não é um gasto, mas um investimento estratégico.
Reconhecido internacionalmente, ao valorizar e apoiar a profissão de enfermagem, mais do que qualquer outra, os sistemas de saúde podem garantir cuidados de alta qualidade, promover a segurança dos pacientes e aliviar a carga de trabalho dos enfermeiros. Isso não significa apenas a melhoria da saúde da população, mas também a criação de retornos significativos em termos de eficiência e eficácia dos cuidados de saúde.
Em resumo, está mais que na hora de superar a dificuldade de dizer “Enfermeiro” e reconhecer plenamente a importância dessa profissão. Valorizar a enfermagem, repensar os financiamentos e perceber que os gastos em saúde são, na verdade, investimentos estratégicos são passos cruciais para garantir um sistema de saúde sustentável e eficaz.
A Enfermagem é o coração da saúde, e proteger esse coração é essencial para garantir que todos tenham acesso a cuidados de qualidade, com equidade e segurança!!!
Totalmente de acordo!
E esse caminho de reconhecimento passa também pelo financiamento do ato de enfermagem (enquanto o nosso sistema de saúde estiver baseado neste modelo) e pelos indicadores de saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem.