Ordem dos Médicos Dentistas defende o fim das clínicas dentárias detidas por empresas e grupos económicos

17 de Outubro 2023

A Ordem dos Médicos Dentistas defendeu hoje o fim das clínicas detidas por empresas e grupos não titulados por dentistas, na sequência do aumento das denúncias de má prática profissional, publicidade enganosa, tratamentos desnecessários, inacabados ou sem acompanhamento médico.

“A proposta, já apresentada ao Governo, visa alterar o regime jurídico das sociedades comerciais de forma a garantir que a maioria do capital social das clínicas de Medicina Dentária seja propriedade de médicos dentistas, no lugar de empresas ou grupos económicos com uma visão meramente comercial da profissão”, refere a ordem em comunicado.

Para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), as clínicas de medicina dentária devem ser propriedade de médicos dentistas, idealmente com um capital mínimo de 51%, como acontece na Dinamarca, um país que segue princípios liberais da atividade económica, mas que em matéria de saúde “soube respeitar os princípios de assistência nos cuidados médicos” e salvaguardar a relação médico-doente e os princípios deontológicos, disse à Lusa o bastonário Miguel Pavão.

Isso mesmo foi explicado na reunião que a OMD teve com o secretário de Estado do Comércio, referiu, reconhecendo que um modelo de capital maioritário detido por dentistas é um cenário “difícil de impor em Portugal”, em “contraciclo com o mercado livre e concorrencial” que o país tem adotado, mas Miguel Pavão defende que mesmo que a obrigatoriedade de participação no capital social seja de uma posição minoritária, isso já teria consequências ao nível da responsabilização por más práticas e respeito por princípios deontológicos.

Na origem desta proposta está o crescente número de denúncias feitas à OMD de má prática profissional, publicidade enganosa, tratamentos desnecessários, inacabados ou sem acompanhamento médico.

Analisadas as situações, a ordem conclui haver “uma relação estreita destes casos com uma lógica meramente mercantilista da atividade e lesiva do interesse dos utentes”.

Miguel Pavão, que não tinha presente números totais, disse, a título de exemplo que uma única entidade deu origem a 11 participações por parte da OMD ao Ministério Público e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS).

“A Medicina Dentária não é um negócio. É uma atividade médica regulada por rigorosas regras éticas e deontológicas. Por isto, entendemos e defendemos que a Medicina Dentária não pode estar sujeita às mesmas regras de outros negócios de atividades meramente comerciais”, defendeu Miguel Pavão, citado no comunicado da OMD.

O bastonário insiste no exemplo da Dinamarca, defendendo que deve ser replicado em Portugal e apontando que “salvaguarda os princípios médicos, o código deontológico e, acima de tudo, os interesses dos utentes e da saúde pública”.

A OMD adianta que esta iniciativa insere-se num conjunto de medidas que visam recentrar a atividade de medicina dentária na sua dimensão médica e assistencial.

Outra proposta da ordem passa por incluir na alteração dos estatutos das ordens profissionais, em curso na Assembleia da República, um registo obrigatório de todas as sociedades de profissionais e multidisciplinares que prestem serviços de medicina dentária.

“Este registo vai conferir à OMD os instrumentos necessários para o exercício das competências disciplinares”, defende no comunicado.

LUSA/HN

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