Falta de acordo pode provocar aumento na mortalidade, alerta porta-voz do Médicos em Luta

4 de Novembro 2023

A porta-voz do movimento "Médicos em Luta" sublinhou, em declarações à HealthNews, a importância do acordo entre sindicatos e tutela, "senão vamos ter até ao final do ano um aumento da mortalidade muito significativo".

Susana Costa chamou a atenção para a afluência registada nos meses de novembro e dezembro nos serviços de urgência.

“Veja-se nos anos anteriores, nos meses de novembro e dezembro, temos verificado uma afluência às urgências de tal forma exorbitante que as equipas, que muitas vezes são reforçadas nesta altura, nem sempre conseguem dar resposta ao número de doentes que recorre a estes serviços. Portanto, no contexto atual seria uma situação catastrófica”, apontou.

A médica alertou ainda para as dificuldades existentes na disponibilidade de transporte dos doentes para os hospitais de drenagem. “Quando um utente tem um problema de saúde muito urgente e precisa de recorrer a um serviço de urgência, o CODU tem de identificar o hospital disponível e fazer a comunicação com a ambulância. Isto tudo é um processo complexo que atrasa o socorro dos doentes. Portanto, este problema tem de ser resolvido rapidamente”.

A porta-voz do movimento apela que os médicos e as suas exigências sejam ouvidas. “Precisamos de desbloquear esta situação e de voltar a trabalhar para garantir que o SNS não colapsa”.

Susana Costa considerou que, com a falta de acordo, o país poderá registar “até ao final do ano um aumento da mortalidade muito significativo”.

A responsável frisou que a questão salarial representa “a reposição daquilo que nos foi retirado nos últimos quinze anos”, afirmando que “sem essa premissa dificilmente vamos conseguir falar sobre maior empenho da parte dos médicos no SNS”.

“Nós, “Médicos em Luta”, só pararemos o nosso movimento quando aquilo que estamos a discutir for escrito e assinado. Não temos nenhuma razão para acreditar no Ministério da Saúde”, disse.

A médica diz estar convencida de que os portugueses estão do lado dos médicos. “Os portugueses estão solidários com os médicos. Os nossos doentes conhecem muito bem a nossa realidade e reconhecem o nosso esforço (…) Todos os portugueses já perceberam que isto não é um problema de cabimento orçamental, mas resultado de uma decisão política”.

Sindicatos médicos e tutela voltam às negociações no sábado.

HN/VC

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