Anunciados vencedores e 4.ª edição do Prémio Maria de Sousa

17 de Novembro 2023

O Prémio da Ordem dos Médicos e da Fundação BIAL continuará em 2024 a dar continuidade ao trabalho de grande qualidade de Maria de Sousa – um ser humano sensacional que dedicava um carinho especial aos jovens investigadores, disse Luís Portela.

Foram ontem conhecidos os nomes dos vencedores da terceira edição do Prémio Maria de Sousa. Promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação BIAL, este Prémio foi criado em homenagem à imunologista e investigadora Maria de Sousa (1939-2020). Pretende galardoar e apoiar jovens investigadores portugueses, com idade igual ou inferior a 35 anos, em projetos na área das ciências da saúde. Os trabalhos vencedores foram escolhidos por um júri presidido pelo neurocientista Rui Costa, presidente e diretor executivo do Allen Institute, nos Estados Unidos.

Na cerimónia, o bastonário Carlos Cortes disse que a Ordem dos Médicos “obviamente não podia deixar de estar presente” e que o Prémio segue agora para a quarta edição. Segundo o Presidente da Fundação BIAL, Luís Portela, serão mantidas as características do Prémio.

O Prémio continuará, assim, a dar continuidade ao trabalho de grande qualidade de Maria de Sousa – cientista e ser humano sensacional que dedicava um carinho especial aos jovens investigadores, disse Luís Portela.

Este ano, o júri recebeu 55 candidaturas “muito boas”, referiu o presidente. É uma bolsa de desenvolvimento, que permite chegar mais longe, apoiando investigadores numa fase crucial da carreira, sublinhou Rui Costa.

Para Rui Costa, Maria de Sousa e a Fundação BIAL têm vindo a construir castelos humanos. Os jovens são mais ágeis, mais leves, por isso conseguem chegar mais além, mas também eles um dia regressarão à base para sustentar outros mais jovens.

Os cinco premiados deste ano vão desenvolver projetos variados na área das ciências da saúde.

Inês Alves e João Neto, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto; Nuno Dinis Alves e Sara Calafate, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho; e Catarina Palma dos Reis, da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (Lisboa), são assim distinguidos pela excelência dos seus projetos de investigação com até 30 mil euros cada, incluindo um estágio num centro internacional de excelência.

Inês Alves, investigadora do i3S, propõe-se criar novas formas de diagnosticar e prever quão grave o lúpus será para cada pessoa, permitindo otimizar as estratégias de tratamento destes doentes e evitar os sintomas agressivos que caracterizam esta doença. Com este trabalho, pretende clarificar se os doentes com lúpus produzem anticorpos especiais (contra os açucares anómalos no rim), que estarão envolvidos na perda de tolerância do tecido e dano renal, concretamente identificar a presença dos anticorpos específicos contra açucares no sangue de doentes com lúpus, estudar as células B responsáveis pela sua produção e testar o efeito patológico destes anticorpos, ou seja, verificar se eles são responsáveis pela severidade e suscetibilidade da doença de lúpus.

O projeto do investigador João Neto, também do i3S, centra-se num dos poucos tratamentos disponíveis para o tratamento do cancro gástrico (CG), ou seja, a terapia anti-HER2, e vai focar-se na descoberta da biologia por detrás da (falta de) eficácia destas terapias, procurando também identificar novas terapias combinadas (combinações de medicamentos), a fim de melhorar o prognóstico de doentes com CG HER2-positivos. Este projeto irá contribuir para o desenvolvimento de novas opções de tratamento para os doentes com CG HER2-positivos que não respondem, ou que adquirem resistência, ao tratamento com inibidores de HER2, permitindo melhorar o prognóstico destes doentes.

Nuno Dinis Alves, investigador do ICVS, irá estudar a importância das projeções serotoninérgicas para a flexibilidade cognitiva e a sua habilidade para reverter alterações em doenças associadas com o stress crónico. Sendo a rigidez e a inflexibilidade cognitiva um dos sintomas presentes, e mais difíceis de tratar, em doentes com perturbações psiquiátricas associadas a experiências stressantes, como a depressão, é fundamental identificar os mecanismos envolvidos, de forma a melhorar as ações terapêuticas sobre estas alterações comportamentais.

A investigadora Sara Calafate, também do ICVS, centra o seu projeto na doença de Alzheimer. Durante o longo período que antecede o aparecimento de sintomas de declínio cognitivo, o cérebro sofre alterações fisiológicas que resultam na desregulação da sua atividade. Para além disso, neste período os padrões de sono sofrem também alterações e os níveis inflamatórios no cérebro aumentam, mas estes sintomas passam regularmente despercebidos. O foco desta investigação é compreender como é que estas alterações iniciais ocorrem, pois elas podem explicar a progressão da doença e o aparecimento de falhas cognitivas.

Catarina Palma dos Reis, do CHULC – Maternidade Dr. Alfredo da Costa, desenvolve um projeto de investigação focado na restrição de crescimento fetal (RCF), uma doença em que, por mau funcionamento da placenta, o feto não consegue obter o oxigénio e nutrientes de que necessita e fica por isso em risco de morte in utero, crescimento insuficiente e sequelas importantes a nível neurológico e cardiovascular, entre outros. No final deste projeto, a investigadora espera obter a assinatura das vesículas de gestações com RCF e contribuir para o diagnóstico desta doença.

A cerimónia de entrega do Prémio Maria de Sousa aconteceu esta sexta-feira, pelas 18h, no Teatro Thalia, em Lisboa, e foi realizada em formato híbrido. Estiveram presentes Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Margarida Tavares, secretária de Estado da Promoção da Saúde; Pedro Teixeira, secretário de Estado do Ensino Superior; Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos; e Luís Portela, presidente da Fundação BIAL.

PR/HN/RA

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