Sistema robótico da Vinci revolucionou a cirurgia do cancro da próstata

21 de Novembro 2023

O sistema robótico da Vinci tornou-se uma inovação médica que revolucionou as intervenções cirúrgicas no cancro da próstata. Estima-se que anualmente surjam cerca de 6 759 novos casos da doença em Portugal.

Desde 2003, com a criação do movimento Movember – que fez de novembro o mês consagrado à sensibilização e prevenção das doenças masculinas – que o cancro da próstata ganhou destaque como a patologia oncológica mais comum entre os homens.

Em Portugal, de acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, estima-se que anualmente surjam cerca de 6 759 novos casos de cancro da próstata. As estimativas indicam que, em 2040, esse número poderá ascender a 8 216, o que corresponderá a um aumento de 21,6%. Neste âmbito, o Movember incentiva à sensibilização para o cancro da próstata através de ações quotidianas, que promovam a deteção precoce e permitam o acesso atempado aos tratamentos mais avançados.

O desenvolvimento e a introdução do sistema de cirurgia robótica da Vinci alteraram profundamente a abordagem do cancro da próstata, a nível mundial. O sistema robótico da Vinci permite que o cirurgião opere sentado numa consola, em ótimas condições ergonómicas, com recurso a uma visão 3D que aumenta até 10 vezes o campo operatório, com utilização de instrumentos articulados com 540de rotação, mais do que a mão humana, o que resulta numa maior precisão de qualquer movimento cirúrgico. Para além disso, eliminam tremores e movimentos involuntários das mãos do cirurgião.

Os doentes que optam por se submeter a uma intervenção cirúrgica com esta tecnologia procuram não só vencer o cancro, mas também preservar a sua qualidade de vida. “A prostatectomia radical deve ter como objetivo a cura oncológica, mas também a preservação funcional da continência urinária e da sexualidade. A cirurgia de prostatectomia radical para tratamento de carcinoma da próstata localizado exige enorme delicadeza e rigor, e a visibilidade e a precisão de gestos em cirurgia robótica são muito superiores aos obtidos na cirurgia clássica”, salienta Luís Campos Pinheiro, Diretor de Área de Cirurgia e Responsável de Urologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC).

Em relação aos resultados clínicos obtidos com este método, Campos Pinheiro indica que: “A avaliação de um programa cirúrgico de prostatectomia radical depende dos resultados oncológicos, das taxas de continência urinária ou preservação da função sexual. Recentemente, avaliamos os nossos resultados que foram muito superiores nestas três dimensões à cirurgia laparoscópica ou aberta. Acho que podemos dizer que em doentes jovens podemos atingir taxas de satisfação sexual superiores a 70% e mais de 95% de continência urinária”.

Globalmente, as tendências na cirurgia robótica apontam para uma utilização crescente e para a incorporação de maior evolução tecnológica, como a inteligência artificial e a realidade virtual e aumentada. Quando questionado sobre o futuro da cirurgia no cancro da próstata, Luís Campos Pinheiro afirma: “Claramente que a cirurgia robótica, pelas suas vantagens, vai substituir rapidamente a cirurgia clássica ou laparoscópica. Os grandes hospitais privados, em Lisboa e Porto, e mesmo os hospitais públicos estão a iniciar os seus programas de cirurgia robótica, pelo que esta tecnologia está a ampliar-se e a generalizar-se pelo país. Não tenho dúvidas que a cirurgia oncológica da próstata será cada vez mais robótica”.

Atualmente, existem mais de 135 sistemas robóticos da Vinci instalados em hospitais públicos e privados, na Península Ibérica.  Ao longo de 2022, em Portugal e Espanha, 50% das intervenções cirúrgicas com o sistema da Vinci foram realizadas por urologistas, em casos de patologias de próstata e rim. Entre os casos urológicos, 77% foram prostatectomias. Nos Estados Unidos, 88% das prostatectomias são realizadas através de cirurgia robótica assistida pelo sistema cirúrgico da Vinci.

PR/HN

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