Cerca de 200 médicos de saúde pública contra integração no regime de dedicação plena

6 de Dezembro 2023

Cerca de 200 médicos de saúde pública escreveram uma carta aberta ao ministro da Saúde em que se manifestam contra a sua integração no regime de dedicação plena por considerarem que não resolve os problemas de fundo da área.

Os especialistas afirmam na carta, divulgada hoje pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que, “tendo conhecimento dos diplomas relativos à reestruturação dos serviços e Dedicação Plena, pretendem opor-se à integração neste novo regime de trabalho”.

Para os médicos, estas propostas não respondem às necessidades de melhoria e valorização do trabalho médico e do Serviço Nacional de Saúde, em prol da saúde pública, no serviço à população.

“A Dedicação Plena proposta determinaria, na adesão, a suspensão automática dos atuais regimes jurídicos de trabalho e carreira. Os médicos deixariam de estar abrangidos pelo conjunto de normas dos atuais Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho, defendem.

Para os especialistas, este regime de trabalho “traduz-se apenas no acréscimo das obrigações dos médicos de saúde pública sem trazer qualquer benefício tangível quer na organização de serviço quer na remuneração mensal”.

“A proposta de redução de vencimento para alguns colegas, para mais associada à perda de direitos, torna inaceitável a adesão à Dedicação Plena”, salientam na missiva, que esperam que possa contribuir para “a rápida revisão dos diplomas, para uma melhor reforma dos cuidados de saúde e das condições do trabalho médico, essenciais para um funcionamento pleno do SNS”.

A Fnam afirma em comunicado que a pandemia de covid-19 revelou de “forma inequívoca a importância de uma saúde pública forte”, capaz de responder aos desafios emergentes e garantir a proteção da população.

“No entanto, o Ministério da Saúde liderado pelo Dr. Manuel Pizarro parece ter esquecido rapidamente a relevância desta área, demonstrando uma preocupante desconsideração pelos médicos de saúde pública e pelas necessidades críticas que a pandemia colocou a descoberto”, salienta.

A federação reivindica um conjunto de medidas para esta área, “a par da justa valorização da remuneração e das condições de trabalho para todos os médicos e da recusa do regime de dedicação plena”, que diz obrigar os médicos de Saúde Pública a um regime de disponibilidade permanente não remunerado, com eliminação do suplemento de 800 euros.

Entre as várias medidas, a Fnam reclama contratos de trabalho em funções públicas com período normal de trabalho semanal de 35 horas num regime de isenção de horário, adaptável às necessidades do serviço e que respeite o limite semanal de horas de trabalho e descansos obrigatórios.

Reivindica também o exercício da função de autoridade de saúde, em exclusivo, por médicos de saúde pública e a “justa e digna remuneração pela responsabilidade inerente ao regime de Disponibilidade Permanente, correspondente a 40% do ordenado base”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group, consultora especializada em otimização de custos e processos para as empresas. Com mais de 25 anos de experiência em gestão de negócios, vendas e liderança de equipas no setor dos dispositivos médicos, reforça agora a equipa da ERA Group em Portugal, trazendo a sua abordagem estratégica, motivação e paixão pelo setor da saúde. 

Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte lança “Ritmo Anárquico”, programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular

A Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte vai lançar a campanha “Ritmo Anárquico”, um programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular na região norte do País. A iniciativa vai arrancar na sede da Fundação Portuguesa de Cardiologia, no Porto, no dia 4 de abril, com rastreios a decorrer entre as 10h00 e as 13h00 e as 14h00 e as 17h00.

Fórum da Saúde Respiratória debate a estratégia para a DPOC em Portugal

Com o objetivo de colocar as doenças respiratórias como uma prioridade nas políticas públicas de saúde em Portugal, terá lugar no próximo dia 9 de abril, das 9h às 13h, no edifício Impresa, em Paço de Arcos, o Fórum Saúde Respiratória 2025: “Doenças Respiratórias em Portugal: A Urgência de Uma Resposta Integrada e Sustentável”.

Gilead, APAH, Exigo e Vision for Value lançam 4ª Edição do Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem

O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem anuncia o início da sua 4ª edição, reforçando o compromisso com a promoção da cultura de Value-Based Healthcare (VBHC) em Portugal. Esta edição conta com um novo parceiro, a Vision for Value, uma empresa dedicada à implementação de projetos de VBHC, que se junta à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), EXIGO, Gilead Sciences, e ao parceiro tecnológico MEO Empresas.​

Medicamento para o tratamento da obesidade e único recomendado para a redução do risco de acontecimentos cardiovasculares adversos graves já está disponível em Portugal

O Wegovy® (semaglutido 2,4 mg), medicamento para o tratamento da obesidade, poderá ser prescrito a partir do dia 1 de abril de 2025 em Portugal, dia em que a Novo Nordisk iniciará a sua comercialização e abastecimento aos armazenistas. O Wegovy® estará disponível nas farmácias portuguesas a partir do dia 7 de abril.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights