Os desafios foram apontados pela presidente do IPO de Lisboa, Eva Falcão, em entrevista à Lusa a propósito dos 100 da instituição fundada pelo médico cirurgião Francisco Gentil, assinalados hoje com uma cerimónia dedicada a todos os trabalhadores do hospital.
A despesa com fármacos tem vindo a crescer de ano para ano e 2023 não foi exceção: “Fechámos o ano de 2022 com uma despesa em medicamentos na ordem dos 64 milhões de euros e este ano, sem o fecho final das notas de crédito, temos um crescimento de cerca de 20%”, adiantou.
Segundo Eva Falcão, acomodar o custo dos medicamentos e da inovação terapêutica no dia-a-dia é um desafio para a instituição: “Se por um lado temos situações como a terapia celular que oferecem a cura nalguns casos, e são muitíssimo interessantes e muitíssimo compensadoras, temos o desafio de também destrinçar o que é verdadeira inovação e como pagar esta inovação”.
Referiu que o IPO faz parte do Serviço Nacional de Saúde e o que oferece aos doentes “é um tratamento sem olhar a origem, sem custos para o utilizador, mas que obviamente tem um custo e um impacto orçamental muito elevado”.
Entre os três desafios, Eva Falcão indicou como o primeiro a captação de recursos humanos, reconhecendo não ser uma tarefa fácil na região de Lisboa e num “mercado em constante desenvolvimento”.
“A captação de recursos humanos para a investigação, a dinamização da investigação, é um polo que achamos que também pode ser interessante para os nossos profissionais”, salientou.
Sobre a requalificação das instalações, a administradora referiu que se trata de um hospital centenário, o que significa “uma permanente necessidade de investimento”, por vezes com impacto no dia-a-dia das pessoas.
Destacou alguns projetos que a instituição pretende fazer e outros que estão em fase de conclusão, como a instalação de um conjunto de painéis fotovoltaicos, apoiada por um programa europeu, que permitirá uma poupança energética estimada em cerca de meio milhão de euros por ano, bem como produzir energia verde.
O serviço de pediatria também vai sofrer uma remodelação no internamento e no hospital de dia, melhorando o circuito do doente e as condições de permanência e de prestação de cuidados, um investimento orçado em cerca de 250 mil euros.
“Há adolescentes que sentimos que não querem estar misturados com os meninos mais pequeninos e, portanto, queremos dar-lhes alguma privacidade”, disse a responsável, sublinhando que i IPO regista cerca de 180 novos casos de cancro pediátrico por ano.
Fazendo um balanço da atividade do IPO em 2023, Eva Falcão adiantou que até novembro foram realizadas cerca de 293.000 consultas externas, mais 2% do que no mesmo período de 2022, e 6.000 primeiras consultas, mais 10%.
Questionada se o IPO tem tido capacidade para responder ao aumento da procura, a administradora afirmou que sim: “Aliás, esse foi um dos grandes objetivos que o conselho de administração traçou quando iniciou funções há um ano e cinco meses, de aumentar o acesso da população ao diagnóstico e aos tratamentos”.
“E, de facto, temos conseguido comparativamente com os anos anteriores, em períodos homólogos, crescer em termos de primeiras consultas, de consultas médicas, de cirurgias, de sessões de hospital de dia, sessões de radioterapia”, sustentou.
Este crescimento “bastante elevado” no acesso das pessoas ao tratamento tem sido conseguido com um aumento dos recursos humanos, que neste momento totalizam cerca de 2.100.
“Por outro lado, algumas reorganizações permitem também prestar cuidados de outra forma, criar circuitos de forma diferente, tentando aproveitar ao máximo toda a capacidade instalada do instituto”, sublinhou.
Deu como exemplo as obras no bloco operatório, concluídas no outono do ano passado, e o conjunto de salas que abriram, permitindo aumentar a atividade cirúrgica.
“Felizmente, o IPO respondeu e responde bastante bem à sua população e achamos que ainda temos margem para crescer”, declarou Eva Falcão, que falava à Lusa em frente a um painel de fotografias com os rostos dos profissionais que “fazem crescer o IPO”.
LUSA/HN
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