Numa carta enviada à presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Barreiro Montijo, a que a Lusa teve acesso, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) revelou existirem dias na escala de urgência de janeiro de 2024 em que identificaram que a equipa médica de ginecologia e obstetrícia “é constituída apenas por um especialista acompanhado de internos”.
“Durante esse período, o bloco de partos encontra-se a funcionar em nível de contingência nível 1 (admissões e bloco de parto abertos a toda a urgência externa, apenas sem receber doentes encaminhados pelo CODU),estando o Hospital de Setúbal fechado. Isto é claramente uma contingência de nível 3 e obriga a encerramento da urgência de Ginecologia/Obstetrícia”, acusou o sindicato.
De acordo com o SIM, a escala de janeiro é “um atentado à segurança clínica e à ‘legis artis’, colocando em risco a população, neste caso as grávidas e os próprios médicos, assim indevidamente escalados”.
O sindicato adiantou ainda que a tentativa de igualar médicos internos e especialistas “não faz deles verdadeiros especialistas, nem em termos de responsabilidade clínica, nem em termos de responsabilidade disciplinar”.
Para o SIM, a situação é “inaceitável e da responsabilidade de toda a cadeia hierárquica”, desde a direção do serviço e direção clínica até à própria direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “que validam semelhantes escalas médicas”.
A Lusa pediu uma reação sobre as escalas de janeiro à direção do Centro Hospitalar Barreiro Monteiro, estando a aguardar resposta.
A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) divulgou na segunda-feira que vão estar a funcionar 43 serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia durante o primeiro trimestre do ano, dos quais 28 “em funcionamento ininterrupto”.
Na Península de Setúbal, o bloco de partos da Unidade Local de Saúde (ULS) de Almada-Seixal (Hospital Garcia de Orta) irá continuar a encerrar aos fins de semana (sábado e domingo), enquanto os blocos de partos da ULS do Arco Ribeirinho (Hospital Barreiro Montijo) e da ULS da Arrábida (Centro Hospitalar de Setúbal), mantêm as suspensões temporárias e rotativas.
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