DE-SNS estuda medidas de contingência para resolver receção de doentes

9 de Janeiro 2024

A Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) avançou esta terça-feira que está a estudar medidas de contingência que permitam, mesmo em picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, problemas que vão além da disponibilidade de macas.

“A DE-SNS encontra-se a trabalhar ativamente com as Unidades Locais de Saúde (ULS), no sentido de elaborar medidas de contingência que permitam, mesmo na altura de picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, de modo a libertar os meios do INEM e das corporações de bombeiros, para que possam dar resposta a outras ocorrências”, lê-se em comunicado.

A estrutura liderada por Fernando Araújo acrescenta que além da disponibilidade de macas nas instituições, está em cima da mesa “acima de tudo a gestão dos espaços nos serviços de urgência”, bem como os fluxos para o internamento, recursos humanos em número adequado e modelos de funcionamento que “garantam resposta em tempo útil, mesmo em situações de maior exigência e complexidade”.

“A abertura e compromisso dos parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica, na procura de soluções que sirvam as pessoas, será seguramente um garante para que os resultados que pretendemos obter, em conjunto, com planeamento, organização e estratégia, envolvendo todos, sejam efetivos e defendam o Serviço Nacional de Saúde”, termina a nota.

Este comunicado surge após uma reunião que ocorreu de manhã, no Porto, com a Liga Portuguesa o Bombeiros (LPB).

Na sequência dessa reunião, os bombeiros adiaram a cobrança de taxas aos hospitais pela retenção das macas nas urgências após ter sido marcada uma nova reunião para dia 18, que incluirá o INEM.

Esta medida tinha sido aprovada na segunda-feira, numa reunião do Conselho Executivo da LPB realizada em Gouveia, no distrito da Guarda, e entraria em vigor na quarta-feira.

“Somos pessoas de bem e queremos o diálogo e não fazia sentido que continuássemos a insistir numa situação antes da [nova] reunião [de dia 18 que inclui o INEM]”, disse o presidente da LBP, António Nunes.

Já de acordo com a nota da DE-SNS “as partes comprometem-se a estudar propostas de melhoria do sistema”, uma ideia que vai ao encontro das declarações do presidente da LPB que à saída da reunião de hoje avançou aos jornalistas que enviará “cinco ou seis propostas concretas” com vista à resolução de problemas atuais.

“Esperamos entregar até ao final da semana as propostas. Algumas poderão ter de provocar alguma alteração de algum despacho ou portaria”, disse António Nunes sem dar detalhes sobre que alterações poderão ser essas.

Antes, António Nunes deu vários exemplos de situações complicadas de retenção de macas e ambulâncias.

“Nos últimos 15 dias houve situações em que ambulâncias dos bombeiros ficaram 22 horas à porta de um hospital”, disse o presidente, referindo-se a um caso que aconteceu em Coimbra.

António Nunes também contou que “numa tarde da semana passada, uma corporação da região de Lisboa ficou com sete ambulâncias retidas à porta do hospital”, uma situação que aconteceu no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).

Além das regiões do Porto, Lisboa e Coimbra, segundo o presidente da LPB, inspiram preocupação situações em Setúbal e Santarém.

Na segunda-feira, em Cantanhede, no distrito de Coimbra, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou incompreensível que os hospitais não encontrem um sistema para evitar a retenção de macas dos bombeiros.

“O que eu acho que é mesmo incompreensível é que nós não sejamos capazes, em todos os hospitais, de organizar um sistema que evite que os bombeiros tenham de ficar à espera para que as suas macas sejam disponibilizadas. É isso que eu espero verdadeiramente seja resolvido”, disse o ministro.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rafaela Rosário: “A literacia em saúde organizacional pode ser muito relevante para promover a saúde em crianças”

No II Encontro de Literacia em Saúde em Viana do Castelo, a investigadora Rafaela Rosário apresentou os resultados de um estudo pioneiro desenvolvido em escolas TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, instituições localizadas em contextos socioeconomicamente vulneráveis que recebem apoio específico do governo para combater o insucesso escolar e a exclusão social. A investigação demonstrou como uma abordagem organizacional, envolvendo professores, famílias e a própria comunidade escolar, conseguiu reverter indicadores de obesidade infantil e melhorar hábitos de saúde através de intervenções estruturadas nestes contextos desfavorecidos

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana.

Vírus respiratórios antecipam época de maior risco para grupos vulneráveis

Especialistas alertam para o aumento precoce de casos de rinovírus, adenovírus e VSR, que afetam sobretudo idosos e doentes crónicos. A antecipação da vacinação contra a gripe e a adoção de medidas preventivas simples surgem como estratégias determinantes para reduzir complicações e evitar a sobrecarga dos serviços de urgência durante o pico epidémico.

Sword Health assume liderança do consórcio de inteligência artificial do PRR

A Sword Health é a nova entidade coordenadora do Center for Responsible AI, um consórcio financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, substituindo a Unbabel. A startup afirma ser atualmente a que mais investe no projeto, com uma taxa de execução de 76% a oito meses do prazo final. O cofundador, André Eiras, adianta que a transição, já aprovada pelo IAPMEI, confere à tecnológica portuguesa maior responsabilidade na liderança de projetos das Agendas Mobilizadoras

Consórcio de IA atinge 80% de execução com 19 produtos em desenvolvimento

O consórcio Center for Responsible AI, liderado pela Sword Health, revela que 80% do projeto financiado pelo PRR está executado, restando oito meses para concluir os 19 produtos em saúde, turismo e retalho. Investimento realizado supera os 60 milhões de euros, com expectativa de gerar mais de 50 milhões em receitas até 2027.

Montenegro confiante na ministra da Saúde apesar de partos em ambulâncias

O primeiro-ministro manifestou-se incomodado com a ocorrência de partos em ambulâncias, um problema que exige uma análise sistematizada. Luís Montenegro garantiu, no entanto, confiança total na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e afastou qualquer ligação destes casos a ineficiências do SNS. O executivo promete empenho no reforço dos serviços de urgência e da acompanhamento obstétrico

INSA reclama atualização de estatutos para travar “disfuncionalidade organizacional”

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Fernando de Almeida, apelou hoje, na presença da ministra da Saúde, para uma revisão urgente dos estatutos e do modelo de financiamento da instituição. Considera que o quadro legal, inalterado desde 2012, está desatualizado e compromete a capacidade de resposta em saúde pública, uma situação apenas colmatada pelo “esforço coletivo” dos profissionais, como demonstrado durante a pandemia

Médicos do Amadora-Sintra descrevem colapso nas urgências

Trinta médicos do serviço de urgência geral do Hospital Amadora-Sintra enviaram uma carta ao bastonário da Ordem a relatar uma situação que classificam de insustentável. Denunciam o incumprimento crónico dos rácios de segurança nas escalas, com equipas reduzidas e pouco diferenciadas, um cenário que resulta em tempos de espera superiores a 24 horas e que compromete a dignidade da prática clínica e a segurança dos utentes

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights